::Dodge Dart'75::

A promessa de um pai ao seu filho nunca pode voltar atrás. Então o que dizer da promessa de um filho à um pai? Acredito que essa, apenas aqueles que são pais poderão responder.

Criado em berço "V8ista", Marcus Salerno viu seu pai abrir mão de um Dodge Charger R/T '76 Branco em prol do benefício familiar. Naquela época, Marcus disse ao seu velho: "Vou comprar um Dodge assim que tiver condições."

Após oito anos desde a promessa, carteira habilitação em mãos e a lembrança da promessa ainda fresca na mente, Marcus decretou oficialmente a temporada de caça ao Dodge. Foram dois anos de busca afim de localizar aquele que seria o carro dos seus sonhos. Não bastava ter boa aparência. "Queria um carro que nunca tivesse sido batido, sem nenhuma grama de massa plástica, nenhuma colisão por menor que fosse." - disse Marcus.





Na busca, o Dodge Charger R/T Branco original de seu pai foi encontrado, mas o atual proprietário recusou-se veementemente em vendê-lo, mesmo sabendo do envolvimento da família com o carro. Foi então que Marcus, hoje com 20 anos, encontrou este Dart '75 de Luxo. A grande carroceria pintada originalmente na cor AZ3-PK3 amarelo álamo apresentou-se digna, sem retoques ou marcas, bastante conservada pela capa de poeira que o cobria.

O proprietário anterior espalhou algumas faixas ao longo do capô e laterais há um bom tempo. Retirá-las deixaria marcas, então Marcus decidiu mantê-las até que a restauração fosse iniciada. Instalou na grade e nos quartos traseiros o emblema do Super Bee - série na qual vai basear sua personalização - e vários acessórios de época.



As rodas modelo Palito de 14" foram calçadas com pneus Cooper Cobra de medidas 225/60-14" na dianteira e 245/60-14" na traseira. O câmbio de três marchas na coluna de direção foi alterado para o assoalho e ganhou uma marcha a mais, fora alguns manômetros extras adicionados pelo antigo proprietário. Acima do painel está um conta-giros de 5" com shift-ligth e logo à frente da alavanca de câmbio um trio de manômetros de pressão da água, pressão do óleo e voltímetro mantém o motorista informado de qualquer eventualidade.

De acordo com os planos, estes mostradores devem ficar completamente escondidos após o planejado. O rádio Bosch funciona perfeitamente e os indicadores de seta instados nas pontas dos pára-lamas fazem as vezes de econômetro quando o acelerador é pressionado até o final.





O motor 318" V8 ainda não sofreu nenhuma alteração desde que está sob os cuidados de Marcus, exceto pelo coletor e escape completo "direto e reto" que confere ao Dart um gargarejo peculiar. Existe a suspeita de algum trabalho no cabeçote, mas o proprietário prefere não chutar qualquer tipo de número relacionado à potência ou torque.

A suspeita recai sobre o fato do carro ter uma pegada diferenciada dos outros Dodges 318" que já andamos (tanto eu quanto o proprietário): Giro subindo muito rápido e uma grande facilidade de transformar os Cooper Cobra em lagartas pretas sobre o asfalto. Uma brincadeira cara e divertida.

O carro tem uma dirigibilidade incrível, firme e extremamente confortável. Na estrada a sensação melhora, pois sobra motor a 120 km/h. O Dart é muito pesado, logo a sua arrancada é lenta e se pisar com vontade, na maioria das vezes ele praticamente fica parado fritando. Já a retomada de 4ª marcha a 60 km/h para 120 ou 140 km/h é muito rápida. A troca de marchas em alto giro é incrível! Como dizem os caras da época: é a mesma coisa de tomar um coice nas costas. Aderência é algo que ele possui bastante, porém em curvas em alta velocidade, meu amigo, nessa hora é melhor começar a chamar o santo que estiver disponível porque o cara tem que entender da tocada pra segurar tamanho carro. Tenho receio de que qualquer hora vou acabar vendo a placa traseira dele, mas a sensação de colocar o Dodge pra andar de lado e ver a fumaça subir é a melhor de todas!

Fui testemunha dos fatos. Tudo feito com carinho, sem exceder os limites do carro, com responsabilidade, sem exagerar na brincadeira, em local seguro... respeitando honrosamente este senhor que apresenta-se distintamente, mas guarda no coração uma alma jovem e rebelde que não deve ser desafiada.

Promessa feita, promessa cumprida! Hoje em dia pai e filho andam lado a lado a bordo de seus V8s: Marcus em seu Dodge'75 e o pai em seu Camaro 2011. Uma família da pesada.