::VW Gol'80 LS Turbo::

Tem quem trate carros como pessoas, inclusive aferindo-lhes personalidades, temperamentos e outras psiquês. EU assumo que participo deste grupo.

Acredito ainda que alguns carros tem sorte e o caso deste VW Gol'80 modelo LS pertencente à Alexandre Ruske segue por este caminho. Depois de ser jogado de um lado para o outro como uma lata velha, entre um amigo e outro, sendo devolvido e enxotado, o carro caiu nas graças de Alexandre. Mesmo com muitas pendências a serem resolvidas, um motor que já não rendia mais nem para moer cana em final de feira e com a lataria castigada pelos mais de 20 anos de serviços prestados, Alexandre encarou a batalha de fazer deste exemplar, um veículo diferenciado e divertido.



Instalou um jogo de rodas que estavam paradas em sua casa ocupando espaço e rodou assim por algum tempo, mas o carro precisava mesmo de um trato. Depenou seu interior e mandou o carro para um serviço completo de funilaria e pintura. Desmontadas as partes móveis a constatação: Estava pior do que aparentava. Mas Alexandre estava na chuva, então molhou-se. Trocou toda a lataria podre por peças novas e deu um belo trato no motor 1.500cc refrigerado a ar que mais vazava óleo do que o utilizava.












Com a funilaria pronta, hora de instalar o interior de volta. Tudo feito pelas mãos do proprietário que foi adaptando e instalando cada peça com calma e paciência. Apenas a parte técnica de elétrica e motorização ficou a cargo de um profissional. O motor 1500 já não poderia mais voltar e Alexandre decretou seu falecimento. Em seu lugar, um 1.600cc a ar com o "sopro mágico" de uma turbina Biagio .42/.48, operando a 0,8Bar (o miolo do motor é completamente standart) instalada sobre coletores de admissão e escape da Street Race que completaram a alegria de Alexandre. Como todo motor preparado pede alguns quitutes para funcionar perfeitamente, uma bomba de óleo Schadek com filtro de óleo de Monza ajudam a manter o motor aircooled bem lubrificado (ainda falta um radiador de óleo, mas este já está sendo providenciado). "Cavalo que anda, também bebe", então foi instalada uma bomba de combustível DPL modelo GTI com um dosador Beep Turbo que alimentam com álcool os dois carburadores Solex. A ignição foi melhorada com a adoção de uma bobina Magneti Marelli do VW Gol MI, cabos de velas NGK e velas de mesma marca modelo B8ES.





A transmissão conta com diferencial 8x33 e embreagem Displatô com disco pastilhado de 780lbs que mostrou-se perfeitamente compativel com a nova configuração de boxer turbo. Tudo muito simples, tudo muito bem alocado, tudo muito bem certinho...

Então Alexandre topou com um jogo de rodas BBS originais das BMWs 540i de medidas 7x15". As rodas já foram compradas com o serviço de refuração para 4x100mm (originalmente são 5x120mm) e Alexandre tratou de pintá-las de dourado para combinar ainda mais com o "Chaleira" (apelido do Gol). Calçou as rodas com pneus Hankook Ventus Prime de medidas 195/50-15" para uma boa aderência tanto no seco quanto no molhado e partiu para uma revisão completa na parte de freios (instalando discos ventilados do VW Gol GTI na dianteira e sólidos na traseira com pastilhas Cobreq), arrefecimento e logo um módulo 3Step da ODG entrou em cena para controlar o ímpeto do carro, juntamente com um par de lâmpadas de xenônio para iluminar as puxadas noturnas.
















Internamente um enorme conta-giros de 5" da AutoGauge foi instalado sobre o painel e um suporte ostenta três manômetros de pressão Cronomac: Óleo, Turbo e Combustível, sob ele mantém Alexandre sempre informado sobre a saúde de seu brinquedo de final de semana. O corpo vai bem acomodado sobre bancos Recaro Sport. Como "Old is cool", um enorme faról auxiliar com lente amarela foi instalado sob o pára-choque dianteiro, afinal, um legítimo representante do EuroStyle em terras tupiniquins não pode fazer feio!
















As fotos clicadas por Leandro del Santo retratam perfeitamente o suor, trabalho e dedicação empenhados neste exemplar nacional de uma tendência mundial.

Abraços!

::Ford'28 Hot Rod::

O início de um projeto automotivo é sempre muito empolgante. Aquisição de peças, pesquisas, conversas, idéias... tudo muito sempre atento e cheio de questionamentos, além de decisões erradas.

Quando Pete, um australiano apaixonado por Hot Rods resolveu montar seu Ford '28 inspirado nos clássicos Hot Rods da década de 50 e 60, preferiu começar pelo lado mais fácil. Comprou um kit de fibra de vidro composto de cabine, colete, portas e parede corta-fogo. Logo depois, adquiriu um conjunto composto de eixos dianteiro e traseiros do modelo '48, feixes de molas, rolamentos, rodas e pneus.

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O motor para compor o conjunto, Pete já possuia. Ele havia guardado um Buick Nailhead 401"V8 que serviria para instalar em um de seus outros projetos. Como este outro projeto ainda demoraria mais um pouco, resolveu fazer o Ford andar logo.

Com a "faca e o queijo na mão", Pete decidiu deixar de lado o uso da fibra de vidro e montar seu Hot Rod à maneira clássica: muita disposição, criatividade, aço e solda, muita solda! Assim, as chapas de aço encostadas em sua oficina foram tomando forma e unindo-se a outras partes para montar um belo carro. O tanque de combustível de um trator inglês antigo da Ford com tampas em alumínio fundido da EnFo foi adquirido para ser instalado logo atrás dos bancos, sobre o eixo traseiro. Um item raro para um carro especial.

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Como este não é o primeiro e nem o último projeto de Pete, ele já possuia uma mesa-gabarito para confecção de chassis e outras peças. Em uma oportunidade arrematou um chassi em bom estado e alinhado para receber o conjunto do Ford'28. Este chassi foi completamente trabalhado para adequar-se à proposta definida por Pete, recebendo recortes em "Z" (com chapas de 40mm de largura por 5mm de expessura) para elevação do eixo (e consequente rebaixo da carroceria) de 10" na traseira e recortes para elevação 2" na dianteira com a instalação de um eixo suicída. Como a diferença de altura na traseira era muito grande, a travessa traseira teve de ser re-alocada e adaptada aos novos padrões. Uma nova travessa intermediária foi confeccionada com suporte integrado para o câmbio e passagens para os canos de escape. A travessa dianteira recebeu nova furação para a instalação de coxins do motor e logo atrás dela, mangas para os suportes do eixo suicida.

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Com a carroceria encostada no canto da oficina e Pete tendo que se deparar com ela a todo momento, aquilo foi criando uma certa antipatia, fazendo com que novas portas, laterais e parte traseira fossem substituidos juntamente com a construção de um quadro de piso incorporando apoios de bancos. Como a parede corta-fogo do '28 não tinha espaço suficiente, Pete recortou um reservatório de água que estava guardado em casa e fez a adaptação. Além de perfeito para a ocasião, acomodaria perfeitamente a caixa de câmbio.

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Outra adaptação foi a caixa de direção, herdado de um modelo de um Holden 1969 aproximadamente. Como o equipamento era de um automóvel com direção à esquerda e o projeto de Pete fora montado para direção à direita (o cara é australiano!), a caixa de direção precisou ser invertida. Mesmo sem qualquer experiência, Pete efetuou o serviço em 1h:30min. Como não queria macular o painel corta-fogo para não enfeiar o conjunto do motor após o carro pronto, foi criado um suporte soldado ao quadro de assoalho que fixou perfeitamente a caixa de direção. Então ele criou a coluna de direção, seus suportes e inclusive o volante de quatro raios. A última das alterações que necessitavam de furos no chassi foi a instalação dos pedais de acelerador e freio. Como o espaço é diminuto nestes projetos e não dá simplesmente para jogar para o cofre do motor, os reservatórios foram parar sob o assoalho.

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Assim sendo, o chassi e a carroceria foram para a pintura, mas não a definitiva. Foi apenas para tornar o visual mais harmonioso e detectar algumas incorreções. O tanque de combustível recebeu seus suportes, inclusive com pontos para amarração das tiras de couro. "I need to say that it has never been my intention to make this body flawless. It's more about the "vibe" than the finish. Don't get me wrong, I like nice shiney paint jobs, but the time to get them there I think is inordinate to the cars overall build. I know of some cars that I would not like any better for having a slick paint job so... have I justified my laziness enough?" Só quem já (re)construiu um carro vai concordar.

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Uma das poucas partes que não foram confeccionadas por Pete foram os assoalhos. Seria muito simples soldar chapas retas e pronto, mas como o carro não receberia forração (é um Hot Rod, ora bolas!) ele achou melhor criar algo diferenciado. Como não tinha o ferramental, recorreu a uma empresa perto de sua casa. O párabrisa foi confeccionado com chapas de 1/8" com sua sessão central mais adiantada, exalando velocidade. Os coletores de escape tiveram de ser moldados à mão para não esbarrarem nas barras de suporte da suspensão.

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O diferencial recebeu reforço com novos pontos de parafusamento, fixação da forquilha e uma revisão geral em suas engrenagens e foi aliado ao câmbio Muncie de quatro velocidades, que também foi completamente revisado. Os freios receberam novas sapatas, lonas e uma linha completamente refeita.

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Com praticamente todos os detalhes já definidos, era hora da carroceria receber a cor que a definiria. A parede corta-fogo foi pintada num tom creme, enquanto a carroceria, painel e copos dos faróis receberam uma tinta num tom verde água. O chassi permanecera preto.

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No motor, foram montados três carburadores Stromberg de 48mm para alimentar o Nailhead 401". Estes carburadores ficaram guardados na estante de Pete por mais de três anos aguardando um projeto que casasse com os equipamentos. Recebeu ainda uma garganta d´água confeccionada em alumínio billet, pois este ítem além de raro para este motor, é extremamente caro. O tanque de combustível foi para seu lugar e recebeu pintura na cor da carroceria.

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Mas é na montagem que descobrimos que nem sempre "2 + 2 = 4". Alguns detalhes milimetricamente calculados sempre discordam após montados e foi exatamente isso que aconteceu quando Pete tentou montar seus pneus 7,00x16" e eles ficaram muito próximos do quadro. O jeito? Soltar os miolos das rodas de seus aros e ajustar o off-set das rodas que passaram a ser mais negativos no par traseiro agregando, inclusive, um visual mais agressivo. As rodas dianteiras permaneceram com pneus 6,00x16".

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A elétrica foi feita completamente do zero. Pete ficou estarrecido ao ver que seu carro sem limpadores, sem ventilação, travas ou vidros elétricos, rádio e nenhum outro aparato elétrico precisa de tantos fios, seqüencias, fusíveis...

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Com um interior completamente despojado de luxos e regalias (completamente MESMO!), Pete fez uma forração extremamente simples sobre algumas partes de madeira apenas para poder ir com o carro a um evento. Como ele havia feito alguns pinstripes para um amigo e nunca cobrara por isso, seu amigo resolveu pedir o Ford'28 de Pete para tentar arrumar a cagada que ele fizera. Ao chegar para buscar o carro, Pete foi surpreendido com uma nova moldagem e forração para seus bancos, além de novas forrações laterais para as portas e carpete beje claro para todo o assoalho com detalhes de fixação no câmbio e freio de mão. Amigos... eles fazem nosso mundo melhor.

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Apesar de todas as dificuldades e aborrecimentos, hoje Pete diz-se extremamente feliz com seu projeto. Já passou por diversos encontros e eventos, sempre sendo aplaudido pelo público que diz-se estarrecido com a simplicidade, beleza e eficiência do conjunto. Como um Hot Rod tem que ser.

Abraços!