::Ménage à Trois::

Eu ainda teimo em me apaixonar. Não por ninguém, mas por algo. Como se o coração já não tão lotado e bagunçado fosse, ainda teimo em deixar-me levar por uma partida de primeira naquela manhã fria, o fagulhar das velas depois de duas semanas adormecidas, aquela luz de painel que volta a acender quando os interruptores já estavam acionados há mais de 10 km atrás. Eu ainda me apaixono.

Ainda me apaixono quando o prejuízo ou investimento financeiro é pouco para que aqueles encaixes funcionem perfeitamente. Ainda me apaixono pelo sibilar da borboleta de seus carburadores. Ainda me apaixono pela bomba de combustível zunindo baixinho preenchendo a linha antes do contato. Ainda me apaixono quando você "morre" ao meu debrear desacostumado com suas manias. Você pode e eu mereço.

Me apaixono pelas vossas lindas curvas e esquadros, pois meu coração não é completamente reto ou angulado. Divido-o entre dois mundos, dois períodos, dois atos e dois retratos. Aquelas fotos que todos vêem, mas poucos reconhecem o significado. Guardá-las lado a lado ao mesmo tempo que me acomoda, me faz desenhar na mente um quadro de Pablo Picasso com suas curvas desconcertantes e suas retas infinitas.



Toda paixão traz dor e sempre fiz questão de guardar esta parte só para mim. Por mais que eu reclame, xingue, brigue e me desespere, em nossas conversas baixinhas em nosso ménage à trois, estamos nos entendendo bem. É um poliamor divertido e sem ciúmes adolescentes psicóticos. Dividir o saldo do que resta na conta corrente entre dois corações tem me feito melhor do que se estivesse egoisticamente focado em apenas uma forma de paixão.

Elas se completam. De alguma forma uma delas me dá amor, me trata bem, é atenciosa, cuidadosa, gentil... a outra me dá tesão, me arrebata, me agarra, perfumada (há quem julgue o aroma de gasolina + óleo um ótimo inebriante), safada e sem pudores.

Um ser incorruptível pelo presente, mas que não planeja com certeza o futuro. Desfaço meus laços em verso, prosa, poesia, vômitos, goladas de álcool e lágrimas, mas que não se prenderá num presente ou futuro por nada e nem por ninguém.

São minha herança, meu legado, meu resto, meu infortúnio, meu passatempo, meu refúgio, meu lugar.
Não são dois meros objetos! São dois pequenos "eus", minhas duas formas de amar.

Em meu coração cabem três vidas inteiras, mas nenhuma delas deve ser esfacelada. Ou completo ou nada feito. De dois projetos, o que me resta é dedicação. Um deles traçado, o outro indefinido.


Da Gorete, desde que voltou pra casa, consegui arrumar algumas pequenas coisas que me incomodavam. Outras ainda persistem, mas serão sanadas com meu grande aliado, o tempo! Da elétrica pouca coisa restou. Fora feita apenas para funcionar o carro (coisa simples, já que com palitos de dente e arame você pode ligar um Fusca), mas não estava a contento. Será refeita para torná-la segura e confiável, além de funcional. Na sua última partida uma seta ligava e o painel piscava, o farol acendia e o limpador de pára-brisas acionava... Achei mais prudente refazer tudo novamente, da maneira correta. Essas são cenas do próximo capítulo.


Instalei limpadores, graxeiras, fluidos, acabamentos, manoplas e agora chegou a hora do acerto fino de suspensão e câmbio, coisas que não consigo fazer em casa por conta da falta de ferramental. Dia 22/06/2013 tem encontro do VCC - Veteran Car Club de Brasília e pretendo ir com ela à celebração do Dia Mundial do Fusca. Veremos o que vai acontecer. Enquanto isso, levo as minhas pequenas para dar algumas voltas.


Desde o início do projeto estou acumulando adesivos voltados ao universo aircooled, de parceiros e sites/blogs/canais amigos. A intenção inicial era preencher os para-lamas dianteiros com todos eles, mas isso foi há 3~4 anos atrás, quando nenhum filho da puta ignorante do caralho tinha descoberto a porra do sticker-bomb, coisa dos anos 70~80 em carros de corrida. Enfim... os filhos da puta deturparam a porra toda e foderam com uma das coisas mais bacanas que eu queria fazer no Fusca. Resolvi partir para os vidros traseiros e montar uma espécie de camada protetora LOTANDO os vidros laterais com adesivos dispostos semelhantemente. Por fim, FALTARAM vidros. Os dois laterais estão completamente preenchidos, sobraram adesivos e a minha única alternativa é adornar o vidro traseiro. Lembro-lhes que os espelhos retrovisores externos são completamente inúteis (exceto pelo fato de serem belos) e a visão traseira é bastante restrita, ainda assim, alguns adesivos ainda estão guardados para compor o visual da Gorete após o próximo passo.




Coloquei dentro dela a mala que um grande amigo me deu e servirá para levar lembranças, apressos e algumas mudas de roupas para o BGT5, além do rádio que minha avó escutava há mais de 10 anos atrás quando prometeu me dá-lo assim que estragasse. De alguma forma eu sabia que este rádio me seria útil. Precisa ser restaurado, mas todas as partes estão lá.

Ela está voltando para a oficina ainda este mês para a confecção de algumas peças específicas como anéis centralizadores das rodas, correção do ajuste das mangas Empi deslocadas (as minhas vieram "empenadas" e não consigo acertar o alinhamento da dianteira com a cambagem e o cáster completamente errados) - agradeço ao amigo Cuke71 do fórum RatVolks pela dica!

Preciso ainda definir alguns detalhes de acionamentos elétricos como a do esguicho d´água, corta corrente, iluminação, instalação dos faróis auxiliares Lucas e tomada de força, fora que precisarei de serviços de usinagem no cubo do volante para ajustar sua profundidade. Pequenezas que tomam tempo, dinheiro e o que me resta de paciência. Como já disse: Desistir não é uma opção.

Passou o feriado de Pentecostes e a chuva sequer me permitiu dar um banho na monstrinha. Fazem 2 meses que ela não vê água.


Na Gee eu levei um pequeno susto. No último Track Day da Podium Race, um amigo correu com sua Alfa Romeo 164 V6 12v e a barca resolveu que cuspiria a mangueira do radiador fora, com isso, a Gee foi escalada para percorrer a cidade em busca de uma mangueira nova. Anda, pára, freia, acelera, liga o ar-condicionado, anda, pára... e com isso ao retornarmos ao autódromo (sem a mangueira), foi a vez dela cuspir a mangueira do radiador.Um pequeno rasgo na base da saída do bloco se fez com o incorreto aperto da braçadeira que a prente, fazendo com que muita água e sujeira "lavassem" o cofre. Cortei a mangueira na parte rasgada e coloquei de volta, apertando-a suficientemente bem. Ficou como nova! Não deu mais problemas até hoje. Felizmente essa senhorita tem se comportado muito bem. Aos finais de semana estamos andando todos os dias e nos feriados de sol é ela quem leva minhas filhas para passeios e visitas, carregando toda a tralha da criançada. Ela aos poucos vai me conquistando e mostrando seu outro lado.

Na semana seguinte foi vez de colocar um abafador novo. No lugar onde deveria haver um catalizador, havia um cano reto que trincou na saída do coletor de escape. Como um catalizador novo custaria R$ 650,00 e meus serviços sexuais não estão pagando tão bem assim (puta barata é foda), resolvi colocar um abafador para reduzir o barulho de "enxame de abelha" comum aos Fiats deste período. Deu muito certo e ela agora não faz um barulhinho chiado sequer! Típico carro de vovô!


Em Brasília o clima a noite está bastante úmido e frio. Para nossos corpos é um convite a irmos para a cama, nos enrolarmos debaixo dos cobertores e dormir profundamente. Para carros carburados, é um convite a acelerar forte, otimizar a mistura e mostrar desempenho. Não poderia ser diferente com ela. Na volta de um dos encontros semanais que frequento, em um trecho longo e sem movimento foi hora de apertar o pedal e ver até onde iriam os limites. Já tinha feito isso há algum tempo, mas o clima era seco, quente e o local não era o mais apropriado. Aos 140 km/h foi necessário tirar o pé, mas sentindo que poderia vir mais. Desta vez, na noite fria, com menos riscos, foi possível acelerar até 170 km/h com uma facilidade impressionante! Achei que a 5ª marcha iria entrar "xoxa", mas talvez por estar embalada cresceu bem redondinha. Medo mesmo foi na hora de frear os disquinhos de CD que a Fiat teima em chamar de freios montados nas rodas originais de 13". Foi uma ótima forma de comemorar seus 185.000 km rodados!

Dá dó, mas já me peguei diversas vezes pensando em como seria esta traquitana com um motor aumentado para 1.9L (corsa lunga) com um comando 272°, um leve trabalho no cabeçote, um carburador mini-progressivo ou um Weber 40mm (injeção ainda não pululam meus sonhos, ainda não...) umas rodas 15" de Alfa Romeo 155 Super que um amigo filho da puta teima em esconder, montadas em freios de Marea Turbo e com um bom trabalho de suspensão.

Não, não, não... afasta de mim estes pensamentos pecaminosos, Pai! Para encher meu saco, só me basta uma! Mas que ficaria tesão, ah ficaria!
= D

Em todo caso, vou brigando com meus pensamentos para montá-la o mais "de época" possível. Com a ajuda de amigos a tarefa tem ficado mais fácil e muito mais divertida! Chegou essa semana para mim algo que eu planejava desde quando a Gee chegou aqui em casa: Um toca-fitas Pioneer KEH-3400 da década de 90 que o amigo Diego Lohans me enviou de presente. O aparelho estava instalado em seu VW Fusca até 2006, quando o carro foi estacionado para reforma e até hoje atormenta os sonhos do cara, pois não ficou pronto ainda. Sim, existe gente mais azarada e enrolada do que eu!



O aparelho está em ótimas condições visuais e todos os botões possuem os escritos e as marcas identificadoras. Pequenos arranhões que não descaracterizam em nada o aparelho mostram que trata-se de um ítem usado, mas muito bem conservado. Obrigadasso, amigo!!!

A idéia é adaptar um cabo auxiliar para a ligação de um aparelho de MP3 que será compartilhado posteriormente com a Gorete, mas que ficará em um local escondido para não chamar atenção de meliantes. Como o tampão traseiro e os forros de porta já foram furados, vou preservar os falantes que estiverem em bom estado e substituir apenas os que não funcionarem corretamente. Nas portas tenho um par de tweeters e um par de coaxiais de 5". No tampão traseiro, um par de triaxiais de 6x9" com telinhas retrô. Talvez não instale módulo ou amplificador, pois daí teria que passar mais cabos, desmontar, recortar... e só de pensar em ver o interior desmontado me causa arrepios! Não será pra fazer festa e vai ficar ainda mais com cara de "cápsula do tempo".

E no meio delas duas estou eu para completar esse ménage, sempre me fodendo um monte para dar boa vida a elas.

Só pra atualizar mesmo e jogar conversa fora.
As fotos ficaram uma bela merda pois são de celular. Um dia tomo vergonha na cara e tiro boas fotos delas, limpas, cheirosinhas, perfumadas e em boa qualidade.
= D
Grande abraço a todos!

4 Acelera!!!:

  1. Guarde os adesivos para o próximo Air Cooled! Esses carros viciam! :D

    No mais, Parabéns pela perseverança de sempre e pela paciencia! Eu li direito? BGT 5 + Gorete + Kilometros de história pra contar? Só presta assim! Não esquece do comboio!

    Forte abraço! ;)

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  2. É isso aí Rafa, coloque as carangas para rodar...ainda mais quando se tem ótimas companhias para nos acompanhar.

    Abraços,

    Roberto.

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  3. Rafa

    Acompanho o blog há anos e é muito bom ver as coisas indo bem.
    Fico feliz por ti cara, tu merece.

    Abraço

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  4. Seu cú que o Pomarola tá parado desde 2006! hahahaha

    Bota esse tocafitas pra funcionar logo sua bicha candanga!



    Diego

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