::VW Saveiro Sleeper

Livre-se de tudo o que não é importante e mantenha-se sempre a postos para qualquer eventualidade. Seja forte e jamais deixe-se surpreender. Ludicamente, este é o conceito de sleeper.



Você pára no sinal, olha para o lado, sente o cheiro forte de álcool no ar e ao seu lado apenas carros comuns. Nenhum rebaixado, nenhum com pinturas chamativas, nenhum que levante a menor suspeita, mas você não encherga nada diferenciado e não vê nada diferente... e o cheiro persiste. O sinal abre e uma orda de cavalos sedentos urge alto seguido de um zumbido "estranho". O tempo parece que parou, mas aquele pontinho verde no horizonte continua a desaparecer. Dê um singelo "tchau" para Ricardo Fernandes (sim, o proprietário do Chevrolet Chevette com motor V6) e se emparelhar com ele no próximo sinal, diga que viu seus carros aqui no 4Fun.




Apesar de passar completamente desapercebido em qualquer situação, a VW Saveiro CL'98 não demonstra qualquer traço da preparação que tem. Adquirida 0km no ano de 1997 por um amigo de Ricardo, a mesma já tinha seu destino traçado e em menos de uma semana já rodava turbinada com um carburador 2E, turbina Garret .60, pistões baixos para reduzir a taxa de compressão e coletor monofluxo embaixo. Como a tecnologia dos injetados só foi disceminada recentemente, a Saveiro rodou assim diariamente por um bom tempo. Em 2004 Ricardo começou a respirar novos ares. Por nunca ter tido um carro turbinado, achou que este seria um bom começo.



Comprei-a antes de tudo por ser um carro muito inteiro e pouco rodado. Primeira vez com um carro turbo, comecei a gostar do brinquedo e me empolgar um pouco mais. Ela tinha rodas 14" (tenho elas até hoje) mas troquei os pneus originais pelos Firehawk 195/60-14", que ainda eram usados na arrancada. Mudei o coletor (agora pulsativo) para cima, turbina com caixa fria .50, fiz cabeçote, blocante, carburador 3E de Opala, etc. Participei de algumas etapas do Paulista e Brasileiro de arrancada (Interlagos) – turbo light na época. Quando percebi que para andar mais na frente, teria que começar a judiar do carro (deslocamento e alivio de peso, travar suspensão, reforços, etc) parti para deixá-la mais “rua” do que “pista”.







A simplicidade definitivamente é um dom. Nas palavras de Ricardo o trabalho parece simples e rápido, mas na verdade a Saveiro ainda vem sofrendo transformações ao longo de todo este tempo. Sabem como é, a garagem de Ricardo não é nada pequena (Charger, Opalas SS, Fuscas, Chevettes, Vectra...) e a empolgação é algo que pode levá-lo à falência num abrir de carteira. Com o uso de pistões Iasa de 83mm, a cilindrada agora passa dos 1.9L e os pistões são forjados da SPA. O virabrequim e todo o conjunto móvel foi balanceado pelas experientes mãos de seu preparador Paulo Roberto Cintra, o Bucha. O cabeçote foi encaminhado à Kaef para um talento completo e retornou com três angulos de assentamento para as válvulas de admissão (41mm) e escape (35mm) que contam ainda com pratos e molas mais rígidos para evitar flutuação em altas rotações, fora um extenso trabalho para melhorar o fluxo. O novo comando é um Crower DRP 7013 e a alimentação é dada por uma bomba elétrica Bosch de 12Bar de pressão que jorra combustível aos cuidados de um dosador Turbo Anhanguera e este o despeja na boca do carburador 3E de Opala.





A turbina é híbrida com caixa quente .58, caixa fria .53 e caracol (eixo) .49 e fornece um desempenho linear e compatível com as pretensões de Ricardo. A pressão de trabalho é de 1,7Bar, podendo chegar a 2,5Bar com o acionamento do booster, regulados por solenóide e válvula de alívio da Turbo Anhanguera. A ignição é dada por um módulo MSD 6AL, com distribuidor original retrabalhado, cabos de velas MSD e velas NGK BR9ES. A embreagem agora conta com platô de 900lbs e disco de cerâmica com seis pastilhas, enquanto o câmbio teve suas engrenagens reforçadas com a utilização de peças da Sapinho e um blocante de 70% instalado.




A suspensão conta com um conjunto de molas e amortecedores mais firmes da Gass que mantém o carro sempre "na linha" mesmo nas aceleradas mais fortes. Apesar de ainda guardar as rodas originais, Ricardo instalou rodas da VW Saveiro TSI de medidas 6,0x15" e calçou-as com pneus Toyo Proxes4 (para arrancadas), mas diariamente utiliza pneus Pirelli P700Z, ambos de medidas 195/50-15" para uma melhor estabilidade e aderência. As originais de 14" ficam guardadas esperando alguma arrancada mais nervosa.




Na configuração anterior, no GTech, foram medidos 285cv e aceleração de 0 a 100km/h em 6,2 segundos. Com as mudanças atuais, a regulagem afinada de Ricardo e Bucha, estima-se que a Saveiro desenvolva perto dos 380cv a serem medidos em poucas semanas. Por ser um carro "curinga" na garagem (arrancada, transporte de peças, uso diário e passeios) em breve vai se tornar injetada (a fase de aquisição de peças é dolorosa para uma garagem tão extensa) para ficar ainda mais segura, permissíva para diversos acertos e ainda mais divertida.

Já que a pista seria algo esporádico, Ricardo resolveu investir no seu bem-estar e um banho de loja foi providenciado. Externamente, além das rodas 15", detalhes como a maçaneta da caçamba pintado na cor da carroceria, faróis bipartidos e spoiler dianteiro foram adicionados. Internamente a figura a ser pintada era a de um Gol GTI e deste modelo vieram diversas peças de acabamento. Os bancos foram substituidos por modelos Recaro na padronagem original do carro juntamente com os forros de porta, o painel agora conta com o raro computador de bordo funcionando de maneira original pela chave do limpador de pára-brisa. O rádio CD original da VW espanta os ladrões pela simplicidade. O console central, a manopla de câmbio, a luz de teto (direcional e temporizada) e o volante em couro do Gol GTI "bola" foram instalados para agregar mais conforto ao interior. Para monitorar a saúde do motor, um hallmeter foi instalado sobre o painel de instrumentos e por se tratar de um modelo horizontal, cumpre sua função sem atrapalhar a visualização do painel. Os manômetros Cronomac de pressão de óleo, turbo e combustível foram instalados dentro do porta-luvas para que não ficassem expostos.









A caçamba guarda boas recordações, apesar de raramente ser utilizada. Foi nela que Ricardo transportou boa parte das peças de seus carros, inclusive o motor V6 do Chevette. Roda sempre coberta por uma capota marítima para proteger e reduzir o turbilhonamento do vento em altas velocidades. Com uma garagem farta, o difícil é escolher qual vai ser a diversão do dia.

2 Acelera!!!:

  1. Projeto muito bem feito! Convido o proprietário a fazer parte do Saveiro Clube!

    Abraço

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  2. Rafa, valeu pela matéria. As fotos são caseiras, mas em breve arranjo um fotógrafo para algo mais profissional! rsrs
    Nesta próxima semana devo ter o resultado do dino, um video bacana, etc. Aí, compartilho com a galera!
    Abraços,
    Ricar!

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