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: : Enquanto uma morde e arranca pedaço, a outra beija e faz carinho : :

Da última vez que falei sobre meus projetos não fui muito esclarecedor. Estava, sinceramente, PUTO PRA CARALHO com a quebra do motor da Gorete. Sim, eu sei... já era algo previsível dado o barulho que vinha do motor, mas sabe aquela vontade de auto-reparação que todos sonhamos que aconteça com algo que nunca vai tentar ser melhor do que já está?! É tipo isso. Eu sabia que as coisas tenderiam a piorar e ainda assim eu insisti por mais alguns meses antes de levá-la para que o Sousa (o mecânico da Gorete) desse uma olhada. Quando ele a ouviu daquele jeito pela primeira vez, foi enfático:

- É motor e só abrindo para saber o que está acontecendo. Você pode rodar por mais uma semana ou mais um ano, mas só abrindo tudo para ver o que estragou.
- Mas ela ainda anda bem - disse eu tentando um auto-conformismo
- Sim, mas só tende a piorar. Ande com telefones de guincho e a bateria do celular sempre carregada. Ela pode te deixar na mão a qualquer momento.

Fui para casa naquele dia tocando-a como se dirigisse um Pagani emprestado em horário de tráfego. Dali em diante ela ficou restrita a pequenos passeios próximos de casa e um evento/encontro ou outro. Eu não queria que ela sofresse.

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Com a Gorete sendo tratada a pão de ló na tentativa de fazê-la sobreviver com aquele motor raquítico, passei a utilizar ainda mais a Gee. Com o carro da empresa indo de mão em mão, uma revisão de quase uma semana fez com que o Prêmio passasse a ser mais utilizado durante um breve período, mas intensamente, inclusive na cobertura de eventos automotivos aqui em Brasília.

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Logo chegaram os 186.000km rodados.
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Com meu aniversário passados à pouco tempo (caralho!!! desde Julho que não atualizo nada dos projetos!!!) alguns presentes ainda estavam sendo recebidos. Mamãe me deu um chapéu para combinar com o estofado da Gee:

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Como nem tudo são flores, uma cagada minha na hora de colocar a Gee na apertada vaga que ela divide com a Gorete, acabou por me custar um farol quebrado e a ela uma marca no capô. Eu não me lembro de ter ficado tão PUTO comigo em outra situação.

O farol foi substituído por outro original que veio junto com o carro até que eu tenha saco, paciência e $$$ para trocar todo o conjunto ótico dianteiro, pois o outro farol fica embaçado quando pega umidade. Deve ser alguma vedação que eu ainda não descobri.

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Depois de tanto trabalho no dia-a-dia, era hora de um refresco para a bichinha. Manda a puta pra rua que naquele dia a sobra e a cera eram só dela! De quebra, ainda ganhou um adesivo que há tempos esperava por este banho para entrar em cena. Obrigado ao amigo Flávio Lima!

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Então comprei para a Gorete uma lanterna de neblina (ainda não instalei) e um estepe de Subaru (daqueles fininhos) com furação 5x100 para casar com a furação das rodas 17". A sacada da aquisição deste estepe era o upgrade que estava programado para os próximos passos: Utilizar o conjunto de frenagem do VW Golf Mk4 (furação 5x100) na dianteira e traseira do Fusca com prisioneiros ao invés de parafusos para fixação das rodas. Mas o upgrade teve que esperar.

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Num domingo desses, num churrasco na casa dos meus pais (guardo meus carros lá) ela estava no sol e eu sentia saudades. Faziam umas duas semanas desde a última passeada e algumas teias de aranha se formavam debaixo dela. Chamei meu primo (um moleque de 12 anos) para uma volta e saí com ela para abastecer. Na ida tudo bem, abasteci R$ 30,00 para não deixar o tanque seco e para não deixar muita gasolina no tanque, afinal ela não andaria muito. Na volta um barulho diferente começou a incomodar. Beijei o volante (a cara de "WTF" do moleque foi engraçada) e falei com ela: "Vamos lá, menina! Chegando em casa eu cuido direitinho de você".

Voltamos na ponta dos dedos e ao chegar em casa verifiquei que um dos parafusos das chapas do motor tinha caído e a chapa batia na carcaça do motor, fazendo o tal barulho. UFA!

Mais uma semana em casa e na quinta-feira eu resolvi ir com ela ao trabalho. Me organizei para voltar cedo, evitar tráfego... tudo planejado. A caminho do trabalho, em uma reduzida de 4ª para 3ª ouço um estalo e logo em seguida o carro começa a ficar fraco e um cheiro forte de óleo começa a tomar conta do habitáculo, mas ela não parou. Consegui chegar até o escritório e liguei para o Sousa que pediu que enviasse o carro pra oficina. Eu suava frio, eu tremia... algo estranho, pois eu sabia e fui alertado de que isso aconteceria! Não haviam motivos para tal reação, mas eu estava consternado e a tristeza era eminente. Mandei ela de guincho para a oficina e durante aquela semana eu nem liguei para o Sousa pois não queria saber das notícias. O período era de MUITO trabalho, pouco dinheiro e muita contas para pagar, então receber mais uma má notícia era algo que poderia ser adiado.

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Só que o tempo só passa rápido quando você se diverte. Quando você está aflito ou afobado, o tempo parece não querer passar! Liguei para o Sousa e ele pediu mais algum tempo para verificar com calma o que havia acontecido. Só reforcei com ele o que sempre digo quando deixo o carro lá: Sem pressa. Prefiro que fique aí contigo um ano e saia bem feito do que fazer na pressa e me dar dor de cabeça. Ele sempre ri pois sabe das minhas agonias com carro e da movimentação em sua oficina. Um carro parado em sua oficina é prejuízo pra ele e agonia para mim. Sempre concordamos assim.

Aproveitei a ausência da Gorete e a utilização rotineira da Gee para, finalmente, instalar o toca-fitas Alpine que o amigo André Luiz me deu de presente. Levei até meu primo que trabalha com elétrica para que fizesse a instalação e revisasse todo o sistema elétrico dela, pois estavam aparecendo algumas luzes no check control e acusando falha de luzes que estavam perfeitamente acesas. Ao retirarmos a gaveta do painel, a péssima surpresa: Algum retardado (espero que não tenha sido o ex-dono!) ao retirar o aparelho de som anterior, cortou o chicote original logo antes do conector!!! Era só desconectar!!! Depois de um fusível trocado, alguns isolamentos, soldas e em menos de 30 minutos ela já estava completamente revisada. Uma dama!

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Todos os auto-falantes que estavam instalados nela estão tocando muito bem. Não é um exemplo de fidelidade sonora, mas com um toca-fitas e falantes com mais de 20 anos não é para se esperar muita coisa. Faz um barulhinho bom e as crianças não reclamam tanto de andar no "carro de velho do papai".

Então ela completou 187.000km rodados.
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Em uma conversa num desses encontros de quinta, o amigo André me disse que estava andando cada vez menos com sua Alfa 164 dado o fato da gasolina Podium (da Petrobras) estar com o preço nas alturas. Desde que a comprou, ela só bebe deste mel e ele não quer desacostumá-la. Confesso saber que a Podium era uma gasolina boa e cara, mas nunca havia lido sobre suas propriedades. Após um breve estudo, esperei a próxima oportunidade de abastecimento para colocar alguns litros dessa gasolina no Prêmio para tentar resolver o problema da marcha lenta instável (principalmente com o ar condicionado ligado) e alguns engasgos em acelerações mais fortes. O carburador dela está bem regulado e não justificava tal comportamento.

Parei num posto e mandei R$ 50,00 quando ainda faltavam 1/4 para acabar o tanque. Em carros carburados é interessante que a Podium seja posta em mistura com a gasolina antiga para que a limpeza do sistema seja gradativa e eventuais correções (apertos de giclês) possam ser feitos com mais facilidade. Em carros com injeção eletrônica essa medida é desnecessária, pois o sistema corrige as variações e lê as misturas sem intervenção manual. Logo nos primeiros quilômetros foi possível notar uma melhora nas respostas ao acelerador e na disposição do carro em retomadas. Umas duas aceleradas mais decididas pra queimar de vez os velhos demônios e na próxima parada no semáforo a expectativa era grande, mas foi confirmada com uma marcha lenta estável em cerca de 750Rpms.

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Nesta época eu já a utilizava 1 ou 2 vezes por semana em trajetos aleatórios e quase nunca sob trânsito pesado. Na segunda abastecida, mais R$ 50,00 de Podium e a mesma expectativa. Agora a realização veio na forma de uma aceleração lisa, sem engasgos e a sensação do carro estar trabalhando mais "frio" mesmo após algumas horas de funcionamento. Ah, o cheiro que impregnou o estofado de veludo azul é inebriante!!!

Testes feitos, contas conferidas, custo x benefício na balança e a constatação de que Gee e Gorete merecem (e devem) andar apenas com Podium. São carros que rodam pouco e os benefícios que Podium traz, valem a pena o preço abusivo de R$ 3,76 que cobram pelo litro. Agora era só esperar a Gorete ficar pronta.

E ficou. Depois de conversas e conversas com o Sousa sobre o que seria melhor fazer, a decisão que coube foi a mais sensata possível: mantenha o 1.300cc origi... epa! Peraê!!! "Mas Rafa, ela não era 1.500cc???" Siiiiim meu pequeno mamífero! Eu também achava que fosse (inclusive consta no documento), mas ao abrir o motor veio a constatação. Vida que segue.

Ao abrir o motor, o Sousa encontrou uma cava no virabrequim e outra em uma das bielas, com isso, um dos casquilhos também foi pro saco e o barulhão de metal x metal. Como já havia adquirido há tempos um par de coletores para cabeçotes simples, veio a idéia de instalá-los, mas eu não tinha os carburadores e nem os acionamentos. Foi quando o amigo Reinner (Heineken do RatVolks) me ofereu de presente um par de carburadores Solex 32mm desmontados para colocar nela. Obrigado, Reinner (vou pagar em favores sexuais). Corri para comprar os acionadores e entreguei para o Sousa com o kit de reparo da dupla. Ao postar a foto, o amigo Thales me alertou da diferença entre os carburadores: Um era para gasolina e o outro era para álcool. Nenhum mistério para o mestre Sousa que transformou o de álcool para gasolina utilizando peças de uns dois outros carburadores que estavam jogados na oficina. Agora ambos são exatamente iguais em suas modificações.

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A volta para casa foi algo surpreendente. De primeira, o giro levemente embaralhado na lenta e o gargarejo dos carburas misturado ao som característico dos motores boxer a ar era algo que eu buscava e não encontrava na configuração anterior. Ao acelerar o carro dá uma patada (nada assustador! É um Fusca com motor 1300cc, mas em vista do que era...) e se mantém firme e forte. Alguns minutos depois, com o motor já aquecido é possível acelerar com mais vontade e o motor responde de pronto. É possível chegar a 120km/h ou mais com ela, mas o melhor é manter a velocidade de cruzeiro a uns 100km/h para não engasopar demais os carburas. Andar com ela praticando o cut-off (aliviar o pé em descidas com o carro engatado) é algo desaconselhável pois acaba engasgando.

Ainda tenho que fazer um acerto mais fino na mistura, mas enquanto amacia, deixa ele um pouco gordo para minimizar os riscos. Aproveitei o recesso de final de ano e levei minhas filhas para um passeio especial. Fomos os três para o ferro-velho comprar alguns cacarecos necessários. Um par de filtros de ar da Kombi com adaptadores e um coletor de água do capô em metal (morcegão) foram adquiridos e montados logo em seguida sem maiores dificuldades.

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Estava chegando o dia do Primeiro Encontro de Veículos Antigos no Parque Sara Kubitschek e eu queria ir com ela. No dia seguinte foi a vez de arrancar as borrachas velhas que amparavam as ventarolas e trocá-las por novas que permitissem sua abertura. Algumas horinhas de trabalho e voilá! Ventarolas agora abrem com facilidade e... não ficam abertas (acho que lubrifique demais).

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No sábado, um belo banho com direito à sua primeira encerada em casa para tirar toda a poeira, graxa e óleo que ficaram acumuladas por quase dois meses na oficina. A tarde tinha encontro, então precisava ficar, ao menos, apresentável.

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No encontro, fiquei de longe conversando com um amigo praticamente o evento inteiro e sempre dava uma olhada para ela. As pessoas olham, conversam, apontam, procuram e saem (geralmente) sorrindo. Tanto no caminho de ida quanto no de volta colhi sorrisos, acenos, sinais de positivo e algumas fotos de outros carros. Confesso NUNCA ter pensado nisso, mas confesso ser gratificante e uma verdadeira massagem no ego quando pessoas que você não conhece sorriem e demonstram terem gostado de todo o trabalho, sangue e suor que foram empregados neste projeto.

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A todos, o meu mais sincero OBRIGADO!

2 comentários:

  1. Parabéns pelo projeto! Q Deus ilumine cada passo dessa sua caminhada.

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  2. O quebra vento tem uma abraçadeira que prende o seu eixo na parte de baixo, talvez a sua esteja solta ou nem tenha. Essa abraçadeira tem dois parafusos onde da pra regular o quebra vento. Quanto mais apertado os parafusos estiverem, mais firme fica. É só encontrar um meio termo onde se consiga abrir a ventarola facilmente e o vento não consiga empurrar ela pra tras.

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