Links

::Honda CL 360 - Willow::



Pra ser sincero, não sou muito bom com motocicletas. Confesso que gosto mais de admirá-las do que de pilotá-las. Talvez ainda me faltem culhões (entenda-se: a patroa não deixa) para adquirir uma e rodar nos finais de semana ensolarados, com um capacete coco, lenço tapando o nariz e a boca, jeans rasgado... Não meus caros, não sou fã das superesportivas. Projetos personalizados à lá Café Racers, Bobbers ou Choppers é que endemoniam minha mente - e graças aos deuses, a de outros também.



Quando Troy Helmick começou a re-reforma (não houve erro, a motocicleta já era personalizada) de sua Honda CL 360 detentora de diversos troféus, pensava em montar algo diferente, que fugisse da mesmisse das choppers comumente vistas pelas estradas norte-americanas. Troy já tinha alguma experiência com dobras de aço e um grande amigo seu era soldador profissional. Junte tudo isso a muita inventividade, inspiração e um pouco de dinheiro e o início da bela Willow começa a tomar forma.

A motocicleta foi basicamente construida num galpão da fazenda de Troy que, cercado de salgueiros (willow, em inglês), inspiravam o proprietário a cada pôr-do-sol.



Do que a motocicleta era anteriormente, pouca coisa foi aproveitada. As novas formas e desenho do quadro permitiram o uso apenas das rodas, pneus, motor e garfo dianteiro. Pára-lamas, assentos, porta-placa e outros detalhes foram confeccionados, nada foi comprado pronto. O tanque de combustível foi feito e re-feito algumas vezes, mas não ficou a contento. Um outro amigo de Troy que trabalha com fibra de vidro para aviões resolveu ajudá-lo e propôs-se a fazer o tanque desde que ele passasse o molde. Um bloco de espuma resolveu o problema.



As linhas de fluidos de freio foram moldadas com linhas de canos de cobre para seguirem as linhas da Willow, coisa que não seria possível com o uso das mangueiras convencionais. A cor do material começou a agradar Troy, que encomendou com um amigo o corte de duas cornetas para carburador Keihin cor de cobre. A suspensão foi completamente revisada antes de ser remontada no quadro, o motor recebeu nova pintura em preto fosco com algumas partes polidas e enfim a cor do quadro foi definida: verde oliva.



As manetes de acionamento da embreagem e freio dianteiro sofrem alguns recortes para que o desenho se assemelhasse ao do quadro. As pontas do guidão foram revestidas com tiras de couro para raquetes de tênis e as bobinas duplas da ignição receberam cabos de velas revestidos com borracha tecido, como nos automóveis mais antigos.



O tanque e o corpo do faról foram pintados de marrom fosco, enquanto o aro do faról recebeu tinta creme. Em um dos eventos onde Troy esteve com a motocicleta, seu amigo Tyler o presenteou com alguns pinstripes, o que conferiu ao projeto a pitada de personalidade que faltava.



O motor Honda permanece basicamente original. Apenas componentes que sofrem desgaste natural foram substituidos, fazendo com que os 34 cv @ 9000 rpm continuassem saudáveis. Os sustos nas acelerações diminuiram, afinal, com o entre-eixos mais longo e a posição de pilotagem mais baixa, o centro de gravidade foi deslocado, como se pode atestar abaixo.



A atenção aos detalhes renderam à Troy e sua Willow o título de "The Best of Show" e "The Best Bobber" em um evento em Pittsburgh. Nada mal para um trabalho desenvolvido na garagem de casa, com a ajuda de parentes e amigos, sem muita grana mas com bastante paixão.

Matéria originalmente publicada no Jalopnik

::The Three Fat 'WestBugZ' Sisters::

Vinicius de Moraes certa vez, sabiamente disse: "E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos. Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências… A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida...
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!"

.:run4fun:.


E eu não encontrei melhor maneira de começar a redigir esta matéria.

Não foi nada premeditado ou combinado, os amigos Denis, Will e Jazon do Grupo WestBugZ simplesmente encontraram a oportunidade de adquirirem veículos semelhantes, três VW Kombis das décadas de '60 e '70 e trataram de dar a elas um jeitinho peculiar de passear pelas ruas de Cascavel/PR.

ABU, a Kombi'68
A VW Kombi'68 azul de Denis foi a primeira a aparecer em cena. Seu jeito de batalhadora cansada e machucada pelos anos de trabalho mostravam vem como foram aqueles dolorosos anos de labuta. A vocação de carro de frete (quando comprada, possuia até placa vermelha para atestar) foi deixada de lado, mas as marcas permaneciam. Coisas pequenas que garantiram à Denis boas aventuras em busca de peças, tardes lixando, pintando, martelando e soldando peças e peças. Quem tem carro velho e não gosta de colocar a mão na massa, melhor que se f0d@ em prestações.




Após algum tempo o motor "abriu o bico" e em seu lugar foi montado um motor 1.600cc injetado de moldelo/ano 2003. Ficou redondinho após o acerto e agora roda tranquilamente, sem riscos de quebra. Nessa época, Denis também começou a montar o interior e logo depois a trabalhar a idéia de montar freios a disco nas quatro rodas. Os freios foram adaptados de um Fiat Tempra (inclusive com hidrovácuo) e agora garantem frenagens seguras para esta velha senhora. A suspensão teve suas mangas invertidas para rebaixar e os facões regulados para rodarem mais baixo.

Com os discos prontos e os documentos bastante enrolados, bateu um leve dasânimo e a Kombi ficou parada por um bom tempo, só pra voltar em sua melhor forma. A suspensão recebeu a barra estabilizadora dos modelos mais novos e a direção foi modificada para perder a folga característica destes modelos. As novas rodas réplicas das Porsche Fuchs 5,5x15" foram adquiridas e logo montadas, conferindo um visual bastante peculiar à Kombi.



Então era hora de montar o interior. Isolamento fono-absorvente com feltro em todo o salão e cobertura com chapas de MDF rústico nas paredes. Dois bancos foram montados frente a frente e uma mesa instalada entre eles. Nos encontros e eventos é onde a galera se reune para descansar, bater um papo e tomar umas cervejas. Os assentos escondem o sistema sonoro da Kombi, composto de 4 pares de triaxiais de 6" e um subwoofer JBL de 12". A unidade central é um Mp3 player da Pioneer que comanda dos dois módulos que ligam os falantes e o sub. Toca muito bem e anima os passeios e viagens de Denis e da galera do WestBugZ!




Doze, a Kombi'75
Depois de muita procura e várias incertas pela cidade em busca de uma Kombi, Jason já estava desanimando de encontrar um VW a ar que o coubessse, mas sonho é sonho e a busca teve êxito.




O nome dado ao projeto não é algo muito explicável. Nem mesmo Jason sabe dizer o "porquê" batizou sua Kombi'75 desta forma, mas a verdade é que o número 12 começou a entrar na vida da Kombi. Brincando, observou-se que 7+5 (dígitos do ano de fabricação) = 12. O número repetiu-se na hora do encurtamento do quadro da suspensão: 6cm de cada lado = 12cm no total e isso ainda no início do projeto.

O projeto ainda caminha a passos lentos, mas tudo vem sendo feito com o máximo de cuidado, carinho e dedicação. A suspensão é o ponto chave dos projetos dos rapazes do WestBugZ e com a Doze não poderia ser diferente... e eles foram um pouco além: Fora os 12cm encurtados do quadro, as mangas de eixo foram invertidas e o quadro catracado. A caixa de direção teve de ser elevada para não raspar no chão dado a altura da carroceria, as torres foram confeccionadas sob medida para permitir um maior curso dos amortecedores, as longarinas opostas às rodas dianteiras foram picotadas para a passagem dos braços da direção e as caixas das rodas dianteiras fora recortadas para que os pneus pudessem rodar livres.



Como o projeto ainda tem um longo caminho de adaptações e soluções a serem tomadas, as caixas ainda não foram fechadas e é possível ver e ouvir as rodas por debaixo dos bancos. Na traseira a caixa de marchas de Brasília (engrenagens mantidas) ajuda a manter as rodas na posição correta, sem cambagem excessiva e o Drop Extension derrubou a traseira para uma altura acessível a qualquer deficiente físico... é, ficou beeeeeeeem baixa!




Nina, a Kombi Furgão'74
Fusca não era muito a sua praia, quando encontrou o anúncio desta '74 Furgão por meros R$ 600,00, Willian não pensou duas vezes e correu para buscar o carro. Já possuia uma Variant bem legal, mas como esse lance de mecher em carro velho é uma doença, ele sentiu falta de ter o que fazer e o que falar durante as reuniões do WestBugZ, uma vez que a Variant já estava quase pronta.

À primeira, segunda, terceira... até à oitava vista pode parecer loucura pagar por um veículo naquele estado, mas poucos entenderiam o prazer que é reunir os amigos no final de semana para poder montar um carro do jeito que se quer, tomando umas cervejas, falando besteira e soldificando laços de amizade que provavelmente serão eternos.




Willian já cortou as torres à laser e o desenho das peças remete à uma altura típica das Kombis gringas que vemos apenas em fotos pela internet... pra se ter idéia.

O projeto ainda engatinha, mas a julgar pelas sandices do pessoal do WestBugZ, não será difícil ver a Kombi Furgão'74 rasteijando por Cascavel alada da Doze e Abu.



Uma relação de amizade, companheirismo, colaboração e parceiria que torna o WestBugZ um grupo bastante unido e dedicado à ajudarem-se mutuamente. Independente de ser Kombi, Fusca, TL, Zé ou Baja... para eles, o carro é só mais um aperitivo para as boas amizades.

Grande abraço!

::[Projeto] Fiat Uno 2.0 16v::

A dor da falta que você me faz, transformaria-me num inveterado, revolto e inconseqüente moleque de rua, daqueles que todos odeiam e ninguém tem coragem de perguntar o que se passa. A saudade que você deixou corroeu meu coração e dilacerou meu peito em pedaços tão pequenos que nem mesmo o amor da mais doce das amantes poderia rejuntá-lo novamente. As lembranças que tenho dos teus sorrisos e afagos em minha mente são tão nubladas que meus pensamentos teimam em tentar atar momentos que nunca tivemos com o brilho eterno de uma mente sem lembranças.

.:run4fun:.


Mas você deixou o que há de melhor em mim. Criou-me para ser bom, obstinado e com boa conduta seguirei a conquistar o mundo. Você deixou-me ciente do amor incondicional que uma mãe tem ao seu filho e uma verdadeira missão: deixar tua lembrança acesa, custe o que custar.

Talvez esta seja a minha missão, talvez isso seja simplesmente o que eu tenho a fazer. Mas apenas por mais uma vez, eu gostaria de poder sentar ao teu lado para ver aquele filme, contarmos aquelas histórias, sentir seus dedos afagando meus cabelos, suspirar bem fundo e fechar meus olhos para não precisar vê-la partir... nem desaparecer.

Se um carro possui lembranças, este Fiat Uno (originalmente CS 1.3 a álcool) ano 1985 é um dos que mais tem histórias para contar. De propriedade de Daniel Silveira, membro do Clube do Uno Brasil e Fiat Clube, este carro foi adquirido pelo pai de Daniel, dado como presente para sua mãe e sempre foi muito bem tratado por ela ao longo dos anos em que esteve em sua posse. Infelizmente, sua mãe veio a falecer deixando o carro aos cuidados do pai de Daniel e uma imensa e dolorosa saudade. O carro foi utilizado para trabalho durante alguns anos e posteriormente deixado para que o filho cuidasse. Sem conhecer muito e com pouca experiência, o carro foi encaminhado a uma funilaria próxima para arrumar algumas marcas do tempo, mas voltou pior do que chegou.



Após mais de quatro meses de discussões, brigas e desentendimentos, o carro saiu da oficina com uma pintura mal feita, escorrida, uma funilaria completamente porca e um raro teto de Uno Turbo completamente desalinhado onde as janelas traseiras sequer encaixavam. A pedido de Daniel o conjunto dianteiro de grade e faróis foi substituido pelo dos modelos '96 para adequar-se melhor ao projeto que tinha em mente.





Encaminhado para outra oficina corrigir os erros e deixar o carro "pronto", a pintura anterior foi completamente retirada, as peças lixadas para remover o excesso de massa plástica e novamente repintadas em separado. Na hora da montagem, algumas belas c@gadas foram feitas: Ao montar as peças, algumas partes foram danificadas. Os pára-choques originais do Uno Turbo em plástico injetado foram manchados durante o polimento e as raras molduras dos pára-lamas foram instaladas com rebites longos, causando ondulações na parte exterior das peças e buracos de 12mm na lataria.

Já em casa, a suspensão foi completamente desmontada e as peças plásticas removidas para nova pintura. Foram instaladas novas bandeijas e um feixe de molas do Uno Turbo. Nessa época, Daniel também comprou uma rara grade dianteira do Uno Turbo e instalou nela um emblema Abarth original. Outro presente foi um jogo de rodas Binno com pneus Toyo R888 de medidas 205/40-17"





Com o tempo, a obrigação de manter a memória de sua mãe viva e o interesse em montar um carro exclusivo, fizeram com que a busca pelo novo e o interesse pelo diferenciado levassem Daniel a aprender trabalhar com um material nobre e de pouco uso, mas que agrega leveza, beleza e resistência às peças: Fibra de carbono. O que era apenas para uso pessoal, tornou-se trabalho e levou Daniel a fundar sua própria empresa, a Carbon55. Já dominando a técnica, as molduras dos pára-lamas e os pára-choques foram retirados e reformados para servirem de molde para novas peças confeccionadas em fibra de carbono. A carroceria foi encaminhada para outra oficina afim de fazerem as medições do novo motor e ver qual melhor se encaixava no cofre. Testaram o motor 2.4 20v dos Fiat Marea de tudo quanto foi jeito... até estragarem todo o cofre com marretadas, cortes e soldas mal feitas sem o consentimento do proprietário.



Sem dinheiro para encaminhar o carro para outro local, o carro foi deixado na oficina. Ao voltar lá um mês depois para retirá-lo, Daniel encontra o prédio fechado, com uma faixa de "vende-se" e seu carro jogado em um terreno baldio ao lado. O carro estava com o assoalho cheio d´água, jogado numa espécie de vala e com a barra de direção quebrada. Cansado de sofrer na mão de picaretas, retirou o carro e levou-o direto a uma concessionária Fiat para que os reparos e a funilaria definitiva pudessem ser feitos da melhor maneira possível, afinal, era uma concessionária autorizada, com profissionais gabaritados, peças originais... Assoalho, longarinas, moldura dianteira, reforços, portas, capô e pára-lamas deveriam ser novos.





O Uno passou seis meses na concessionária sofrendo reparos que não atenderam as expectativas do proprietário, mas que devolveram a estrutura a um ponto zero, onde tudo deveria ser feito novamente. Foram cerca de dois meses procurando uma empresa de jateamento para mostrar TODAS as imperfeições e maquiagens do carro, que após duas funilarias estava muito debilitado. Já com todas as cicatrizes a mostra, uma nova leva de peças foi encomendada e substituida na concessionária.





No processo foram trocadas as seguintes peças:
• Painel frontal com a frente "baixa"
• As 2 longarinas do cofre do motor (onde é fixado motor e câmbio)
• As 2 longarinas que passam por cima da roda dianteira
• As 2 chapas do assoalho
• O túnel central do assoalho
• As 4 chapas que ligam o assoalho e a parede corta-fogo
• As 2 longarinas longitudinais de fixação dos bancos
• As 2 caixas de ar externas (direita/esquerda)
• As 4 chapas que compõem a parte interna das caixas de ar (direita/esquerda)
• Coluna C do lado direito (traseira/direita)

Foram também colocados 2 reforços das longarinas que passam por cima das rodas dianteiras, 2 suportes de fixação do pára-lama dianteiro (que fica em frente a caixa de ar) e adicionada uma nova longarina por baixo do teto.





Em questão de modificações, para facilitar a manutenção/instalação do motor, o painel frontal agora é removível, contando ao todo com 20 rebites de porca distribuidos ao longo da peça e da carroceria.

O túnel central foi trocado por um do Mille 2008, que conta com trambulador a cabo.
Foi feito também uma passagem na parede corta-fogo para a passagem do cabo do mesmo.
Para um visual mais "clean" no cofre do motor, foi retirado o suporte do estepe e o suporte onde era fixado o motor Fiasa. Não foi usado massa plástica. Quando preciso, foi usado estanho (70% estanho 30% alumínio) para reparar as imperfeições e nas juntas foi usado Sikaflex.

Desde a primeira "internação" para funilaria e pintura até a saída definitiva para o retorno ao lar, foram mais de quatro anos. Apenas concessionária o Uno ficou praticamente um ano, mas enfim o Uno saiu de lá na estaca zero. Teoricamente, sem mais nada para recortar, emendar, soldar... teoricamente. Em uma das visitas ao ferro-velho, Daniel encontrou um motor de Fiat Tempra 2.0 16v retirado de um carro baixado por multas. O motor funcionava e não havia sinais de falhas, engasgos, trancos, rajados ou coisas do tipo. Como a grana estava pouca e o motor bom, algumas peças já adquiridas foram vendidas a preços camaradas para levantar o dinheiro necessário para tal aquisição.







Com o motor completo em mãos, comecei a limpar e desmontar. Com grande ajuda do Flávio Fraga começamos a instalar o motor no carro, onde o painel removível se mostrou extremamente útil!

O motor com os suportes certos cabe perfeitamente (meio apertado mas cabe) no cofre do Uno, podendo-se dizer que é "plug and play".

Após testar alguns pares de suportes, chegamos a seguinte configuração:
O suporte que vai na carroceria, que fixa o câmbio, é do Uno Turbo, assim como os dois suporte que vão na caixa de câmbio.
Como o suporte do motor do Tempra sai da carcaça da bomba d'água (que fica em uma posição parecida com a dos motores de Uno), o que "casou" melhor foi o suporte do motor Fire.

Teoricamente foi só tirar os suportes do Tempra e colocar os suportes do Uno.
Por serem maiores, os coxins do Uno Turbo cairam como uma luva para o 2.0 16v.


Como todo projeto, chega uma hora em que é preciso ganhar algum fôlego para poder seguir em frente. Não existe mistério. Ninguém escala o Monte Everest sem parar para descansar. Após um ano sabático sem fazer praticamente nada no carro, Daniel estudou a melhor posição para a instalação do motor (tanto a inclinação quanto a distância para que o motor não batesse no cofre), adquiriu peças estruturais importantes para um bom comportamento dinâmico do carro (barras estabilizadoras mais grossas, barras anti-torção e semi-eixos do Uno Turbo) e novamente com a ajuda do amigo Flávio Fraga adaptaram um reforço de chassi vindo de um Fiat Tempra, que com algumas modificações uniu perfeitamente a longarina inferior da suspensão à longarina superior do cofre.

Com a troca do assoalho e o novo túnel com passagem, o trambulador do novo Mille Fire encaixou perfeitamente. Assim como uma criança recebe presentes de aniversário, o Uno ganhou também alguns mimos. Alguns badges da grife Abarth (com um motor 2.0 16v em uma carroceria de menos de 900kg, certamente fará jus ao nome), um console central com cronômetro (raro ítem da linha "R" dos Unos) e uma tampa de combustível da Sparco foram adquiridos para completarem o visual quando o projeto estiver pronto.







Enfim o carro chegou ao estágio "divertido", certo? Quase... com o projeto já bastante adiantado e com um foco em mente, a parte cara também chegou. Montar uma gaiola interna em uma cidade onde o povo gosta de som automotivo é praticamente um parto. Após mais de três meses de espera, uma vaguinha em uma das poucas oficinas que fazem o trabalho surgiu e alguns outros mimos foram adquiridos. Pelo preço, um jogo de rodas BBS original das BMWs Série 5 de medidas 7,0x16,5" que darão um bom trabalho para chegarem ao setup final. Pela funcionalidade, um jogo de TrackLite 7,0x15" a receberem um jogo de grudentos Toyo R888 para participação nos Track Days.





Antes de mandar o carro para a montagem da gaiola, as peças da suspensão foram completamente limpas e receberam nova pintura. As peças pretas foram pintadas com tinta eletrostática a pó, as prateadas são cromo fosco, os cubos foram revestidos de zinco branco e todas as buchas da suspensão são em poliuretano.







Agora vai!!! Agora vai!!! Quaaaaaaase... Ao montar as portas, foi verificado um desalinhamento que impedia a montagem da porta do motorista. Após testar duas outras portas veio a constatação: a carroceria estava desalinhada. Nessa altura do campeonato, imaginem o quanto foi "broxante". Dado o fato do carro nunca ter sido batido, foi de se estranhar e as dúvidas recaíram sobre uma das seis funilarias pela qual ele passou. Montar a gaiola com o carro assim é impraticável. Lá volta o Uno para a oficina para voltar o chassi ao ponto zero, com calma, devagar, sem pressa para não prejudicar nenhuma outra parte.





Enquanto o funileiro ia arrumando a carroceria, Daniel pegou um alicate de pressão e resolveu transformar o pára-lama traseiro em algo realmente funcional para abrigar as rodas de 7,0". Dobrou as bordas para fora e o funileiro selou tudo com solda MIG. Agora os alargadores (antigamente) estéticos do Uno Turbo tornar-se-ão funcionais e encobrirão o conjunto roda/pneu, evitando que pareçam saltados da peça.



Um mês depois o Uno está definitivamente alinhado e agora segue para a confecção e instalação da gaiola. A idéia inicial de confeccioná-la em aço carbono foi abolida em troca da beleza e leveza do aço inox (cerca de 50kg mais leve. Num carro de pista, isso é algo essencial). A gaiola foi confeccionada com seis pontos de fixação e alguns pontos extras de reforço estrutural como nas torres dianteiras e unindo as traseiras. Por conta do projeto contar com um teto-solar, as barras superiores ficaram ligeiramente mais baixas para que a funcionabilidade do teto-solar não fosse afetada.





Como a internet está aí para nos unir e facilitar o escambo de peças, Daniel encontrou a venda no RacingArt algumas coisas que pululam o sonho de qualquer um que deseja montar um projeto bacana: Pedaleiras em alumínio Tilton com regulagens para a embreagem (que passará a ser hidráulica) e para os freios dianteiros e traseiros, além de um painel multifuncional da inglesa Stack. Outra pitada Racing ficou por conta dos retrovisores em fibra de carbono da APR. Novos presente, novas dívidas, nova fase...





Mas parece que o universo conspirava contra este Uno. Vai ver, Deus é brasileiro e odeia Uno. Em uma conferência para iniciar a pré-montagem do carro, Daniel observa que o trabalho feito na concessionária não foi completamente digno de uma representante da marca italiana. Os pontos de solda que afixaram o novo assoalho não foram devidamente tratados e o acabamento feito apenas com Sikaflex foi sendo corroído ao longo destes dois anos que já se passaram desde que o Uno voltou para casa. Junte isso às soldas da gaiola e pontos onde o jateamento não atingiu e você tem um projeto com ferrugem por toda parte.

Desistir jamais! Uma memória muito querida está em jogo e agora fazer este carro correr nos track days virou uma questão de honra! Chama a galera, compra alguns refrigerantes, algumas pizzas, latas de ácido fosfórico e em alguns finais de semana a carroceria estava DEFINITIVAMENTE sem qualquer ponto de ferrugem! Como o teto não pôde ser jateado com areia por conta da lata ser muito fina, foi usada pasta removedora para arrancar à força as oito camadas de tintas que alí haviam.













Com o carro todo lixado e devidamente tratado, foi passado primer em tudo para proteger a carroceria da maldita ferrugem!

A idéia agora é deixar o carro no primer, colocar as peças em carbono sem acabamento e botar o carro para rodar (usando o dinheiro que seria da pintura nesse processo) o que vai evitar os inevitáveis arranhões na pintura nas idas as oficinas, acerto de motor, modificações de última hora (cortar e furar), etc...

Nesse caso, após a conclusão do carro (mecânica, elétrica e acabamentos) ele será desmontado, pintado e montado cuidadosamente. A parte boa é que o carro está só na lata, sem nenhuma massa ou ferrugem... A parte ruim disso é que com a tinta uniforme, apareceram todos os "defeitos" de 26 anos de uso da carroceria! Ele está com algumas pequenas portadas, alguns reparos mal feitos nos para-lamas traseiros (feitos na concessionária)... mas "Rust Free"





Com a carroceria (finalmente) pronta, o motor 2.0 16v do Tempra foi aberto para uma revisão geral. De cara, alguma coisa estava errada. Ao retirar o cabeçote, constatou-se que os comandos estavam com quatro levantes completamente desgastados/moídos/ausentes, fazendo com que as 16 válvulas tornassem apenas 12.

Como (perdoem, mas não achei colocação melhor) um peido não é nada pra quem já está com desinteria, o motor que deveria ficar praticamente original por um bom tempo já vai receber comando especial de maior graduação com um belo trabalho no cabeçote, bielas e pistões forjados além da injeção programável, faltando apenas as ITBIs e o cárter seco.





Motor encaminhado, carroceria zerada... hora de começar a brincar de "Lego". Uma capa de painel achada na rua entrou na serra e serviu de molde para o recorte de um dos paineis em bom estado que Daniel tem guardado em casa (dois raros modelos pretos e um cinza). Com os pontos da gaiola definidos e o molde já recortado, hora de passar para o painel cinza os buracos de passagem das barras. A idéia é aplicar neste painel um acabamento flocado, que se não ficar bom, será descartado e os recortes irão para o próximo painel preto. Após a fixação do painel foi a vez dos pedais Tilton, teto-solar com console dotado de cronômetro e painel Stack em uma placa de fibra de carbono serem devidamente alocados.

Daniel e Flávio desenvolveram uma alavanca de engate rápido e uma manopla em alumínio para comandar o câmbio de forma mais rápida e precisa. Aproveitaram e reproduziram em aço inox de 3 mm os pontos de fixação da barra anti-torção inferior. Como nas concessionárias não se acha mais e as peças de ferro-velho estão sempre deterioradas, o jeito foi fazer!











Esse carro tem um valor sentimental enorme pra mim. Era da minha mãe e sempre foi muito querido por ela. Foi nele que eu, meus primos, alguns amigos e até minha namorada aprendemos a dirigir. Após o falecimento da minha mãe o carro ficou comigo de "herança", sendo assim meu 1º carro. Tenho muitas memórias e bons momentos com o carro. Esse eu não vendo ou troco por nada. Vou reformá-lo quantas vezes for preciso até que fique, ao meu ver, perfeito!


O carro já possui boa parte das peças móveis confeccionadas em fibra de carbono e muitas outras peças especiais ainda serão encomendadas, compradas ou mesmo fabricadas. Tudo para manter viva a memória de alguém tão especial e que marcou a vida de um garoto que foi forçado a se apaixonar por um carro.

Daniel agradece imensamente aos amigos Flávio Fraga, Gustavo Noleto, João Paulo Teixeira, Gabriel Monteiro, André Lima e principalmente ao seu pai por toda a ajuda e compreensão durante este projeto.