Pra ser sincero, não sou muito bom com motocicletas. Confesso que gosto mais de admirá-las do que de pilotá-las. Talvez ainda me faltem culhões (entenda-se: a patroa não deixa) para adquirir uma e rodar nos finais de semana ensolarados, com um capacete coco, lenço tapando o nariz e a boca, jeans rasgado... Não meus caros, não sou fã das superesportivas. Projetos personalizados à lá Café Racers, Bobbers ou Choppers é que endemoniam minha mente - e graças aos deuses, a de outros também.
Quando Troy Helmick começou a re-reforma (não houve erro, a motocicleta já era personalizada) de sua Honda CL 360 detentora de diversos troféus, pensava em montar algo diferente, que fugisse da mesmisse das choppers comumente vistas pelas estradas norte-americanas. Troy já tinha alguma experiência com dobras de aço e um grande amigo seu era soldador profissional. Junte tudo isso a muita inventividade, inspiração e um pouco de dinheiro e o início da bela Willow começa a tomar forma.
A motocicleta foi basicamente construida num galpão da fazenda de Troy que, cercado de salgueiros (willow, em inglês), inspiravam o proprietário a cada pôr-do-sol.
Do que a motocicleta era anteriormente, pouca coisa foi aproveitada. As novas formas e desenho do quadro permitiram o uso apenas das rodas, pneus, motor e garfo dianteiro. Pára-lamas, assentos, porta-placa e outros detalhes foram confeccionados, nada foi comprado pronto. O tanque de combustível foi feito e re-feito algumas vezes, mas não ficou a contento. Um outro amigo de Troy que trabalha com fibra de vidro para aviões resolveu ajudá-lo e propôs-se a fazer o tanque desde que ele passasse o molde. Um bloco de espuma resolveu o problema.
As linhas de fluidos de freio foram moldadas com linhas de canos de cobre para seguirem as linhas da Willow, coisa que não seria possível com o uso das mangueiras convencionais. A cor do material começou a agradar Troy, que encomendou com um amigo o corte de duas cornetas para carburador Keihin cor de cobre. A suspensão foi completamente revisada antes de ser remontada no quadro, o motor recebeu nova pintura em preto fosco com algumas partes polidas e enfim a cor do quadro foi definida: verde oliva.
As manetes de acionamento da embreagem e freio dianteiro sofrem alguns recortes para que o desenho se assemelhasse ao do quadro. As pontas do guidão foram revestidas com tiras de couro para raquetes de tênis e as bobinas duplas da ignição receberam cabos de velas revestidos com borracha tecido, como nos automóveis mais antigos.
O tanque e o corpo do faról foram pintados de marrom fosco, enquanto o aro do faról recebeu tinta creme. Em um dos eventos onde Troy esteve com a motocicleta, seu amigo Tyler o presenteou com alguns pinstripes, o que conferiu ao projeto a pitada de personalidade que faltava.
O motor Honda permanece basicamente original. Apenas componentes que sofrem desgaste natural foram substituidos, fazendo com que os 34 cv @ 9000 rpm continuassem saudáveis. Os sustos nas acelerações diminuiram, afinal, com o entre-eixos mais longo e a posição de pilotagem mais baixa, o centro de gravidade foi deslocado, como se pode atestar abaixo.
A atenção aos detalhes renderam à Troy e sua Willow o título de "The Best of Show" e "The Best Bobber" em um evento em Pittsburgh. Nada mal para um trabalho desenvolvido na garagem de casa, com a ajuda de parentes e amigos, sem muita grana mas com bastante paixão.
Matéria originalmente publicada no Jalopnik
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