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: : Gee, o Fiat Prêmio CSL '93 : :

Eu não vou perder o nosso tempo tentando me justificar do motivo disto não ter acontecido antes. Simplesmente não era para acontecer.
Como aquela namoradinha que você poderia ter tido e não teve pois era tímido demais para chamar pra sair. Como aquele sorvete que você poderia ter tomado, mas passou rápido demais pela loja e ficou com preguiça de voltar. Como aquela peça que você tanto quis, mas quando juntou dinheiro para comprar já havia sido vendida... não era para ser. Aceite. Dói menos e não se martirize por rancor.

Eu venho ensaiando ensaiar o Prêmio em algumas fotografias mais elaboradas, mas sempre me saboto para que outras coisas possam acontecer. Ao longo destes mais de 06 anos de parceria, fiz apenas algumas fotos ruins de celular e poucas que efetivamente valessem um texto. Começo esta postagem ainda sem nenhuma foto do ensaio que aqui disponibilizo, mas mais pela lembrança da obrigação moral de fazê-lo e não deixar essas palavras órfãs.

Desde a última postagem citando este carro, muitas coisas aconteceram e por falta de vergonha na minha cara, deixei de atualizar o blog com os feitos. Na verdade, nada de muito extenso foi feito. Houveram upgrades, houveram problemas, houveram quebras, houveram reparos, houveram perrengues... houve tudo isso e, como sempre, contei com a ajuda e apoio de pessoas especiais em cada momento para que tudo continuasse bem, o mundo girando e o carro andando.


Não, amigos... andar de carro "velho" todo santo dia não é o mar de rosas que vocês pintam em suas mentes ao ler textos apaixonados de alguém que gosta de redacionar coisas sobre carros... "velhos". O uso diário deste tipo de veículo requer paciência, tato, paciência, saco, dedicação, mais paciência, alguns contatinhos, um pouco de dinheiro e alguma compreensão da esposa, pais e parentes próximos, além de mais alguns outros adjetivos.

Como há tempos não atualizo nada do carro por aqui, há quase 1 ano atrás, na lista de "últimos perrengues", tive que trocar o feixe de molas traseiro que quebrou (sim, quebrou) chegando perto de casa. Não houveram danos, mas o carro ficou parado algumas semanas até que consegui comprar outro com um amigo. Desarqueei o feixe novo e instalei no lugar, mas o carro ficou com a traseira um pouco mais baixo do que antes. Ao encher o tanque, baixou ainda mais. Problema? Não! Regulei as roscas da suspensão dianteira, alinhei e agora o carro está ainda mais baixo, bonito e... desconfortável. Exige aquele cuidado ao estacionar e os caminhos são percorridos com mais cautela. Em compensação, fazer curvas ficou ainda mais divertido!

Neste tempo minha mãe submeteu-se à uma cirurgia e ficou quase um mês sem dirigir. Fiquei com o carro dela (Ford Fiesta) enquanto o Prêmio esperava peças. Mesmo desconectada, a bateria descarregou e acabou sendo substituída. Após a troca do feixe de molas e da bateria, passei a usar o carro umas duas vezes por semana, mas a vida... ahhh a vida é uma caixinha de surpresas! Uma mangueira do sistema de arrefecimento rasgou por conta do pouco espaço do cofre e da pouca criatividade dos mecânicos que fizeram a substituição anterior.
Me emputeci pra caralho (não era a primeira vez que isso me acontecia com este carro) e resolvi que eu mesmo trocaria TODAS as mangueiras de arrefecimento, vácuo e linha combustível do cofre. Foram cerca de 3 noites de trabalho, mas todas as mangueiras DO COFRE foram substituídas.

Mas a vida... ah, meus amigos... a vida é uma caixinha de surpresas!!!
Depois de algumas semanas, resolvi lavar e encerar o carro. Ao manobra-lo na garagem, algumas gotas escorrem do cofre e sujam o chão da garagem. Encontrei um vazamento na linha de combustível devido à uma das mangueiras de Nylon (Tecalon) que vem por baixo do carro e leva o combustível para a linha do cofre ter ressecado junto à uma presilha e se rompido perto do coletor de escape. Por pouco o Prêmio não faria um cosplay de Fiat Tipo e terminaria chamuscado. Chateado com a situação e buscando idéias, fui aconselhado por alguns amigos a manter a linha original em nylon e utilizar anilhas de pressão. Bonito, prático, rápido, durável e seguro. Só precisaria de ajuda para a empreitada.

Conversando com o amigo Eduardo Silveira, ele me ofereceu uma vareta de nível de óleo do Uno 1.6R MPI que ele tinha guardada e uma ajuda. Ele queria fazer algumas coisas no carro dele e aproveitamos o feriado de 7 de Setembro para dar uma ajeitada nos carros.
Após um dia inteiro de trabalho, ambos os carros estavam funcionando melhor do que iniciaram aquele dia.
Ganhei do amigo uma junta de cárter da Sabó e troquei logo na semana seguinte.


Essa empreitada toda foi postada na minha timeline do Facebook e acompanhada por uma galera que sempre dava dicas e curte o progresso do carro. Então meu primo me manda uma mensagem:
- Rafa, tenho um par de falantes e um módulo da época que eu tinha o Gol bolinha (idos de 1996). Se quiser colocar no Prêmio, só buscar lá em casa! São teus!
- AGORA!
Fui lá buscar o conjunto e para minha surpresa estavam melhores do que eu esperava.
Um par de TS-A6980 e um amplificador Corzus SL-350 Black Line.
Além destes, tenho que buscar na casa da minha tia um outros falantes e um módulo que ele me deu, mas não sabe as especificações.
Essa família é a mesma que em 1992/93 me levou para dar minha primeira volta de carro 0 km (um Fiat Prêmio CSL exatamente igual ao meu).
Meu primo entrou no carro, sentou e acariciou os bancos, empunhou o painel e eram nítidas suas lembranças causando emoções ao serem contadas.
- Foi naquele carro que eu aprendi a dirigir. Viajamos muito neste carro para visitar meus avós e sei que minha mãe vai ficar emocionada ao ver o cuidado com o qual você cuida dele. - disse meu primo.
- No final de semana vamos buscar os falantes na casa dela e vou de Prêmio pra ela dar uma volta. Enquanto isso, vai você.
Entreguei a chave na mão dele e com o filhinho do lado eles foram dar um passeio.
Carro baixo, duro, sem assistência, cheiro de gasolina... e o pequeno (também se chama Rafael) voltou eufórico:
- TIO!!! Quero andar de novo no seu carro!!!
Foi uma satisfação imensa.


Atualizando as atualizações
Ocorre que, como disse no início do texto, a vida de quem anda de carro antigo/velho, não é o mar de rosas que vocês imaginam...
O Prêmio consumia muito, desregulava com facilidade no clima louco de Brasília/DF e não andava como eu queria.
Descobri que o segundo estágio do carburador TLDF não estava lá estas coisas e consegui com alguma engenhosidade passa-lo para acionamento mecânico. Ficou ótimo... mas ainda mais beberrão, pois acionar o segundo estágio era uma obrigatoriedade divertida agora!

Rodou assim por alguns meses, até que num belo dia o carro passou a funcionar quadrado, irregular e não havia jeito de acerta-lo. Em consulta a amigos, diagnosticamos que o distribuidor havia partido desta para uma melhor. Foi a gota d´água para que a fase mais importante desse projeto acontecesse: Injeção eletrônica!






Passa pro lado para ver as fotos da flauta de combustível

Refizemos a linha de combustível em nylon (era de 6mm e passei para 8mm, seguindo padrão original), com conexões prensadas e mangueiras lonadas reforçadas. Tudo para evitar dores de cabeça. Todas as mangueiras de vácuo, abastecimento... tudo foi trocado.

Entreguei tudo para o Marcony e após algum trabalho, algumas adaptações e alguma paciência, ele me liga:
- Precisamos fazer o escape do carro. Este aqui não faz junção com o antigo. Ou vai ter que fazer uma flange ou muda logo tudo pra 2".
- Mas já está andando?
- Já, mas o barulho é muito alto pois tá no cano reto.



Eu não me aguentava de ansiedade.
Mesmo com fotos e vídeos enviados, eu ainda queria ver o carro, andar no carro, matar a saudade...
Combinamos de ir até à 2001 Escapamentos, loja que o Marcony recomendou e, após algumas conversas, decidi fazer o escape completo com canos de 2,0", um flexível, com apenas um abafador e saída de 2,5".
Como eu já possuía o coletor de escape 4x1 da Copa Uno, que me fora cedido pelos amigos Dennis Zanolla e Flávio Fraga, o Marcony já tratou de instala-lo quando removeu o coletor de admissão e o carburador.

Agora dispenso o uso da buzina em troca de uma acelerada.

E então, numa noite o Marcony me liga novamente:
- Preciso da sua ajuda aqui pra uma coisa.
- O que foi? Tenho que já comprar algo pra levar?
- Só vem.

Chegando lá, alguns últimos arremates... e a chave na mão:
- Precisa abastecer. Vamos no posto e você volta dirigindo.

Completei o tanque e mal me aguentava de ansiedade! Cidade vazia, pista livre, noite fria... confesso que não fui um bom exemplo naquele momento.


Mais alguns ajustes e em outro dia pude trazer o carro para casa. Agora era comigo. Ajustar, cortar, alinhar, passar fio por outro canto, mudar uma besteirinha ou outra acolá... tudo o que eu gosto realmente de fazer no carro estava à minha disposição e, em caso de dúvidas, sempre perturbava os amigos. Estava curtindo o carro e suas "problemáticas".





Cold start

Infelizmente, numa volta para casa mais apressada, uma mangueira de água se rompeu. Eu estava com minhas duas filhas dentro do carro e não estava disposto a parar no meio de uma rua pouco movimentada para ficar mexendo em carro. Fomos pra casa e eu já esperava pelo pior. A Pandoo apontava problema, o carro falhava... mas chegou.
O custo? Um cabeçote, uma mangueira e mais alguns dias parado.

Resolvi que faria tudo na garagem de casa.
Falei com o Sávio, peguei algumas dicas e ele se dispôs a ajudar no que fosse preciso.
Combinamos que eu faria toda a parte de remoção do cabeçote, levaria para retífica e ele me ajudaria na montagem e ajustes necessários.
Foram mais 4 semanas parado para que tudo fosse feito com calma e tranquilidade.


A mangueira do ar quente que rasgou.







Viva de novo, mais uma vez e novamente!!!

Cabeçote feito e algumas cervejas depois, o carro voltava à vida com algumas peças pintadas e um visual de cofre de motor mais limpo, organizado e sutil. Tudo em preto fosco, alguns detalhes cromados, outros manchados pelo tempo... mas gostei bastante do resultado.

Deste dia até hoje, apenas mais alguns ajustes na injeção eletrônica, uma bela revisão na suspensão e muita diversão.

Comecei então a curtir o carro, aproveita-lo melhor nesta nova etapa, mas ainda assim alguns pensamentos pecaminosos me consumiam (e ainda consomem).
Fabriquei o suporte da TPS para substituição do modelo original do Uno Turbo que trabalha sem a pista resistiva.
Este TPS só marca 0 ou 100%, sem qualquer escala de progressividade.
Um modelo novo da marca DS modelo 1908 vai entrar no lugar algum dia desses, juntamente com outros mimos que estão por vir e um novo acerto para melhor economia e progressividade em alguns pontos.
Quem sabe role até um dinamômetro?!


Aarrasta pro lado para conferir a "talhagem" do suporte do TPS

Então, um belo dia, uma boa acelerada, uma luz de óleo acesa e um cheiro forte no ar me trazem nova surpresa.
O tampão de reposição do óleo simplesmente saiu voando e desapareceu. O cofre do motor ficou todo lambuzado. Desliguei e removi a bateria, protegi a bobina, tampei a admissão e o jeito foi partir pra cima com desengraxante, detergente e muita água sob pressão.
Ficou novo de novo.


Mamíferos, isso foi uma "síntese" de tudo o que rolou, do jeito que eu gosto de relatar, deixando claro para vocês.
Peço desculpas pela falta de atualizações, pouca movimentação no blog e falta de clareza em alguns pontos.
Não vou prometer melhoras. Não vou prometer postagens regulares. Não vou prometer nada.
Quem se ilude com promessas é adolescente.
Boa parte da galera que acompanha o blog há tempos também teve várias mudanças na vida, no trabalho, de carros, de amores... então conseguem compreender a ausência.




Uma lembrança para recordar
Apesar de não ser mais minha, a Gorete (o Fusca'76) ainda recebe minha atenção e cuidados.
Num domingo destes foi dia de levar uma cerveja pra casa do tio que me comprou o carro e passar o domingo desmontando o Fusca quase que por inteiro para poder trocar toda a linha de combustível (como se deve. Tô ficando craque nisso!).
A linha antiga possuía várias emendas, estava estrangulada e não havia "passa-fio" em algum dos pontos onde a mangueira passa pela carroceria.
Na época da montagem eu não me liguei nisso e somente observando as fotos antigas pude perceber que o serviço não ficou como eu gostaria.

Como ele viaja bastante, o carro ficou parado por cerca de 1 mês e não queria mais funcionar. Depois do retorno de sua viagem, foram mais 2 meses de hibernação até conseguirmos casar as agendas.
Juntei "a fome com a vontade de comer" e falei para trocarmos tudo, desde o tanque até os carburadores.
A linha agora não usa mais mangueiras, exceto no cofre do motor e na saída do tanque. É toda em nylon (Tecalon) de 6 mm e as mangueiras agora são lonadas. As emendas entre o Tecalon e as mangueiras são feitas com anilhas de pressão (do msm jeito que fiz no Prêmio) e abraçadeiras do tamanho correto.


Testamos e nada de vazamento, então regulei os carburas e voltou a funcionar como um reloginho!
Infelizmente não tirei foto do processo pois eu estava imundo e correndo pois só teria aquele dia para começar e finalizar tudo.

Ele pediu que eu cuidasse do carro, arrumasse tudo e devolvesse melhor do que estava.
Sem pressa e com esmero.

Assim o Fusca voltou lá para casa, mas não como antes. Chegou andando, já desmontei muita coisa e o carro está há mais de um ano parado, sem previsão de volta. Eu tenho outros projetos em mente, mas ainda quero dar continuidade a ele... e muita água rolou depois disso.

Devagarinho vai ficando como eu quero/queria.

Enorme abraço a todos!

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