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: : Peugeot 106 Quicksilver 1.6 16v : :


"Diga-me com quem andas..." e te direi que projeto automotivo desenvolverás! Este ditado é quase que uma regra entre os entusiastas. Amigos e familiares sempre influenciaram nossas escolhas automotivas de uma forma ou outra. No caso de Fernando Marinho, o proprietário do Peugeot 106 Quicksilver deste artigo, um amigo e preparador que o orientou pelos caminhos mais sensatos de um swap.



Ricardo Vento foi o responsável por clarear as ideias que permeavam a mente de Fernando. A ideia inicial era montar um Peugeot 306 Rallye com um motor de Citroen Xsara VTS, originalmente capaz de produzir 160 cv aspirado. Por firmarem uma joint venture há alguns anos, Peugeot e Citroen tem suas peças facilmente intercambiáveis, sem qualquer adaptação, tornando os processos de swap muito fáceis, rápidos e práticos para quem se dispõe a esta jornada. A ideia de Fernando era boa, mas Ricardo tinha algumas considerações a fazer. O peso do Peugeot 306 e a idade do projeto do motor do Citroen VTS eram algumas delas. Por se tratar de um motor fora de linha, encontrar peças para uma simples manutenção se tornaria um martírio dentro de alguns anos e isso fez Fernando perder algumas noites de sono.



A vontade de um carro francês rápido, ágil e com boa disposição para encarar circuitos e autódromos era grande, mas as palavras de Ricardo que o fizeram desistir do projeto, também trouxeram outra solução. Encontraram num Peugeot 106 surradinho, da série especial Quicksilver, a solução para a vontade de acelerar que tomava conta de Fernando. Já com bastante expertise neste tipo de transfusão e contando com o apoio técnico de Mark Kuhn, da Oficina MK, de São Paulo, que passou alguns macetes para facilitar o transplante, Ricardo foi atrás daquele que seria o coração do novo Pocket Rocket montado pela 61 Motorsport, de Brasília/DF.

Encontraram um motor 1.6 16v que originalmente equipava um Citroen C3 e estava com menos de 20.000 km rodados. Nessa hora os olhos de Fernando passaram a brilhar, afinal, era um motor relativamente novo, que seria revisado e que contaria com toda atenção de Ricardo para funcionar como se fosse original. "Fizemos freios e suspensão, depois uma limpeza geral de interior e ai então o swap foi feito utilizando um motor 1.6 16v que equipa a linha Peugeot/Citroen. Importamos os comandos do 106 GTI e a brincadeira começou." - relata Ricardo. Estes comandos são relativamente fáceis de serem encontrados na Europa, pois lá os Peugeots 106 da versão GTI já saem de fábrica com este motor e muitos proprietários trocam os comandos por outros mais bravos, fazendo com que os originais fiquem encostados em algum canto. Sorte de Fernando.



Como a central eletrônica original do motor 1.6 16v não aceitaria facilmente os novos parâmetros, Ricardo optou por utilizar um módulo de injeção Megasquirt modelo MS2V3 para ser o cérebro de tudo. Adotou uma bomba de combustível de vinda de um GM Astra Flex que possui a vazão e a pressão necessárias para alimentar o conjunto em até um pouco mais do que o necessário, por isso adotou-se na linha um dosador vindo de um Fiat Tempra Turbo para que tudo funcione perfeitamente utilizando álcool como combustível.

A ignição conta com uma bobina de ignição Bosch (MI) e velas Denso de Iridium que fornecem à mistura a centelha para a queima perfeita. Um radiador e reservatório de expansão do VW Gol 1.6 foi instalado por ser de fácil reposição e atestado em outros projetos semelhantes. Um CAI (Cold Air Intake) confeccionado por Ricardo com um filtro de ar da InFlow leva o ar fresco para dentro do motor, enquanto um coletor de escape 4x1 em aço carbono com um abafador expele os gases. Todo o acerto ficou a cargo de Fausto Trentini, da 61 Motorsport, que domina bem a arte de acertar motores utilizando Megasquirt. Nesta configuração, o pequeno notável rende cerca de 150 cv tranquilamente, apavorando nas acelerações que deixam de queixo caído carros maiores com bem mais potência.



Algumas das coisas que tornam este projeto divertido vem na parte de baixo do monobloco e quase não se vê. Para fazer curvas como um verdadeiro mini-bólido, este Peugeot 106 conta com um conjunto de molas e amortecedores G-Max com configuração para pista e estrada, o que significa amortecedores mais rígidos e uma dirigibilidade digna de carros de maior porte. Para parar, um conjunto completo de frenagem do Citroen Xsara VTS foi instalado nas quatro rodas, inclusive com discos de freio na traseira.

Guiar este pequeno monstrinho é uma experiência divertida e excitante. As reações são rápidas, tanto para acelerar quanto para parar. O carro parece estar sempre aceso ao menor toque do acelerador e, devido ao baixo peso de todo o conjunto, as reações são muito empolgantes! As rodas do Citroen Xsara de 15" calçadas com pneus Maxxis de medidas 195/50-15" conferem uma ótima estabilidade e ajudam no handling do carro, que está sempre à mão.




Internamente, nada mudou. Uma bela higienização nos bancos e tecidos, além de hidratação dos plásticos trouxeram à vida os logotipos da Quicksilver que estava bastante suja. De diferente apenas um rádio original com entradas auxiliares na medida do painel e um medidor de mistura ar/combustível da Innovate.





Após toda a montagem e configuração, o carro seguiu para uma funilaria completa e nova pintura. Logotipos novos na dianteira e traseira, enquanto nas portas a sigla GTI dá a dica para os desavisados que pensam tratar-se de um pacato 1.0 original. Um carrinho emocionante, como deveria ter saído de fábrica.




Matéria publicada originalmente na Revista CarStereo

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