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: : Isso não se faz : :

Ah, me dá um tempo, vai?! Me deixa quieto aqui um pouco e nem fala comigo. Estou cansado dessas suas desculpas fulas para prender minha atenção e não me deixar fazer o que eu quero. Fica aí com tuas desculpas que eu vou ali fora acender um cigarro e beber um pouco pra ver se assim você deixa em paz a minha mente confusa que apesar de estar o tempo inteiro ocupada, não pára de pensar em você um segundo e em suas magnitudes. Minha cabeça a mil não quer saber das tuas minimosidades. Sim, eu minto.

Gosto do gosto amargo e do cheiro da fumaça que inunda o ar. O cheiro do teu perfume também é bom, mas enjoo fácil com tanta doçura. Não se chateie. Sou eu que não consigo gostar do que é doce. Já me acostumei com cheiros e gostos amargos e secos. Com tantas bordoadas da vida me tornei alguém quem não consegue se encaixar em lugar nenhum por muito tempo sem conseguir foder com a ordem da porra toda. Preciso de movimento e se você não pode me dar isso, eu não sei ficar parado esperando a sua vontade chegar.

Não deveria, eu sei. Alergia, câncer, infarto, ânsias... tudo isso faz mal, como diz no aviso, mas quem é que vai se importar tanto quando a premonição é anunciada para que não se afetem?! Provavelmente minhas meninas e no máximo mais uns três ou quatro amigos. Você foge de mim como o demônio da cruz e parece não estar satisfeita com meus carinhos, presentes e cuidados. São poucos, escassos, parcos e rudes, eu sei, mas são seus. Aqueles que outras outrora tiveram à ponta de meus dedos percorrendo suas nuances nada mais foram do que meros galanteios. Você fode comigo. Eu fodo contigo.

Sem essa de amor. Não me venha com essa. Entre nós está tudo mais do que claro e esclarecido! Uma mera conveniência que flertou com uma paixonite, mas que realmente só interessava a nós pelo simples e puro prazer. Nos demos e damos bem, mas não a ponto de sair na calada da noite, pela madrugada, fugindo de tudo e todos para um encontro de prazer mútuo. Não, isso não. Levantaria suspeitas. Você com suas curvas proeminentes chamaria muita atenção ao sair de lingerie branca pela rua só para saciar nossos fetiches. Eu não teria coragem de deixar a casa enquanto elas dormem para te encontrar. Vai que uma delas acorda para ir ao banheiro ou beber água?! Com que cara e que tipo de desculpa eu inventaria para que não nos descobrissem? Você ainda não me enlouqueceu tanto assim. Ainda não. Nem me deu motivos para isso com seu ímpeto inseguro de ser.

O gosto seco e áspero do whisky rasga a fumaça contida na garganta. Arranca minha sobriedade como navalhas escorrendo para o meu estômago. Os pulmões se contraem tentando entender que porra é essa que intoxica, ilude, inebria e desnorteia o cérebro. Bebidas caras e cigarros baratos tem perfumado meu hálito, dedos, paladar e ar. E a culpa é (quase) toda sua. Uso desculpas para não me culpar dos meus vícios.

Ainda sinto na boca o gosto da sua última gozada. Gosto de sangue podre de quem não tem nenhuma piedade. Gozou na minha cara me relegando a um mero masoquista de terceira categoria! Logo a mim que sempre te cuidei tão bem. Logo a mim que sempre te respeitei tanto e, por mais que determinasse diversos dos mais sórdidos adjetivos, sempre te tratava como uma verdadeira dama. Você me conhece e sabe que nunca fui de bater em mulher, nem mesmo na maior das suas provocações eu sempre segurei o ímpeto, mas dessa vez você exagerou. No fim, você também saiu perdendo.

Eu sou fraco em minhas decisões, ainda mais em relação a ti. As tomo e tão logo lhe vejo, as esqueço. Faço tuas vontades e não resisto aos teus volumes. Tateio teus contornos mais impróprios com dedos suaves e rijos. Rompo suas partes em busca do prazer que nenhuma outra ainda me deu e você o faz com tanto tesão a ponto de tirar minha órbita. Você é escandalosa. Gosta de urrar quando não pode e isso me deixa muito receoso quando estamos juntos, pois você gosta e eu não resisto. Essa brincadeira de dizer que "não" pra mim quando está com raiva passou dos limites e a conta vai sair cara. Minha vontade era de te deixar, mas não sei se sei perder o tesão com o que você me dá tesão.

Confesse no meu ouvido com esta tua voz aguda e estridente. Fala suave, baixinho e bem quente. Admite só pra mim que o teu ciúmes se deu por saudade e de me ver com outra enquanto eu a fazia esperar. Você já deveria ter se acostumado com a minha insegurança e maestria em me sair desse tipo de situação.

Não sou só seu, mas você é só minha. Isso não é uma opção, mas uma condenação (só não sei a qual de nós dois). Não me relegue teus caprichos pois eu sei quais são suas necessidades e talvez vez ou outra lhe faça um agrado. O que você me fez, não se faz. Eu segurei a minha onda e você deveria ter segurado a sua. Quebrar no meio da estrada e me deixar a pé? Isso não se faz, Gorete. Isso não se faz.


Eu não sei resistir ao teu charme me pedindo pra cuidar.

O que eu queria era estar debaixo, dentro, sobre, atrás... de você, te devassando como só eu bem sei para fazer bem tudo aquilo que nós bem sabemos.

Continuo a te construir enquanto você com sua arrogância ainda insiste em me destruir. Não sou como teus outros. Para ter o melhor de ti eu me dou. Baixe a guarda e pare de entortar bielas, virabrequim e válvulas, sua puta louca, desvairada, insensata e sem coração.

Um comentário:

  1. Mais um texto épico! Rafa Eu e uma porrada de fãs já esperamos o próximo texto. Parabéns!!!

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