Links

::VW Gol 1.9i Aspirado::

Fotos: Leonardo Contesini



São nos momentos de tormenta que sabemos quem são aqueles que verdadeiramente estão ao nosso lado. É nas grades dificuldades que as amizades verdadeiras se mostram e os verdadeiros amores se consolidam. Quando, em 2006, Guilherme Loes Bogossian adquiriu seu Volkswagen Gol GL 1988 originalmente equipado com motor AP de 1.600cm³ para uso diário, jamais imaginou que o futuro lhe reservaria surpresas.



Com a construção de um sonho sendo encaminhada, o VW Gol serviria de apoio para a nova oficina que Guilherme estava montando. Como toda a grana iriam para o empreendimento, gastar dinheiro com o carro estava fora de cogitação. Era um carro íntegro, judiado pelo tempo, mas bastante íntegro.

A oficina BMA Performance foi construída, equipada e aparelhada para atender os clientes de Gulherme e o VW Gol não o serviria mais. Vender seria uma opção se os valores ofertados não fossem tão miseráveis. Reformar o carro não sairia tão caro e seria até possível investir em alguma preparação mais leve para que o Seu Paulo – pai de Guilherme – pudesse dar umas aceleradas.

O motor foi retirado e montado com calma e paciência, observando os detalhes de um motor bastante conhecido, mas com suas características peculiares. A idéia inicial era montar um simples conjunto 1.8 Turbo, mas com as facilidades de se montar um aspirado de qualidade aumentando juntamente com o nível das peças nacionais, preferiu-se um motor aspirado de fino acerto. A cilindrada foi expandida com o uso de pistões de alumínio semi-forjados de 84 mm montados em conjunto com bielas originais balanceadas. Todas as peças internas móveis foram devidamente balanceadas para equalizar o conjunto.



Enquanto a parte de baixo do motor não estava pronta, Guilherme encaminhou o cabeçote para o Centro de Reparação Automotiva Selmer, em Garopaba/SC. Lá o cabeçote de motor AP 1.8L foi completamente limpo e teve seu fluxo retrabalhando em bancada, inclusive contando com novos assentos e ângulos para as válvulas de 38 mm na admissão e 35 mm no escape. As molas de válvulas são próprias para veículos de competição e vieram da Ancona, acionadas por tuchos mecânicos. A orquestra é regida por um comando trabalhado sob medida até atingir os 300°x300° desejados por Guilherme. Tudo pronto era hora de medir a compressão e partir para os acertos e minuciosidades.



O carburador foi aposentado definitivamente a partir do momento em que o proprietário decidiu instalar um moderno sistema de injeção eletrônica no VW Gol. Quatro bicos de alta vazão estão instalados nos locais originais e embebedam o VW com o mais puro álcool sugado do tanque por meio de uma bomba elétrica da SPA (modelo Mercedes) com capacidade para 9 bar, mas que trabalha a parcos 3,5 bar com regulagem pelo dosador na flauta. O coletor de admissão sofreu um retrabalho em bancada para maior vazão, enquanto o de escape foi substituído por um modelo 4x1 da German Racing confeccionado com canos de 41mm e saída de 2,5” para não haver retenções. A ignição conta com uma bobina original de AP MI, cabos de velas em silicone da SPA de 10,4 mm e velas NGK Iridium de grau térmico 9° para cuspirem labaredas nas câmaras. O maestro de toda a orquestra é a central Hardware Aspro V2 que permite um fino ajuste em todas as faixas de giro. A taxa de compressão ficou em 14,7:1, o que ajudou o motor a chegar perto de seus 180 cv @ 7.000 Rpm com uma “feroz docilidade” capaz de permitir boas puxadas no 1/8 de milha, sair do autódromo e ir ao supermercado comprar carne para o churrasco do final de semana, podendo girar até 7.900 Rpm.





A transmissão conta com platô Ceramic Power de 980 lbs e disco com seis pastilhas. O câmbio é o original de cinco marchas com novas relações e conta com um blocante da Recuperg com mola para melhorar a tração. A suspensão conta com uma salada Autolatina para otimizar a tração, contando com molas de Ford Escort, buchas em alumínio, bandejas com rolamentos e pratos regulados por roscas na dianteira. Já a traseira conta com barras anti-torção, molas para carros equipados com GNV e corpos em rosca de alumínio para facilitar os ajustes. Todos os amortecedores são originais, mas suas cargas foram aumentadas para que pudessem trabalhar corretamente juntamente com a nova configuração do motor.

Os freios contam com discos dianteiros ventilados prensados por pinças herdados do VW Santana, enquanto na traseira o mesmo VW doou um par de tambores. Para casar com o projeto de preparação dos anos 90, as rodas não poderiam ser diferentes e tratam-se das clássicas Binno B760 de medidas 7,0x15”, devidamente calçadas com pneus 195/50-15” que além de apresentarem uma boa relação com a tração, permitiram um visual bastante apreciado.



O interior cativa pela simplicidade e dinamismo. Ao lado esquerdo do piloto nota-se um conjunto de ignição montado sobre a saída de ar. No centro do painel está um hallmeter da ODG para passar a informação de “quantas anda” a mistura ar/combustível. No lugar das saídas de ar central há uma placa de aço inox como suporte para três manômetros (vacuômetro, pressão do combustível e pressão do óleo) da ODG de 52 mm, além de um manômetro da temperatura de óleo no local do radio. O volante é um Panther da década de noventa e apresenta ótima pegada.





O carro é bastante elástico dada a cilindrada e o comando de alta graduação. O acerto fino feito por Guilherme ajuda na tratativa do carro em rua, estrada ou pista. Não é o carro mais indicado à congestionamentos dada a embreagem pesada, mas isso não impede o uso rotineiro do carro. É um carro de rua, mas que faz o oitavo de milha em 8,1 segundos e consome 5,5 km/l em trechos mistos. Uma obra lapidada a custo de muito suor e conhecimento que chegou sem grandes expectativas, segurou as pontas nas horas difíceis, cativou o coração de seu proprietário e vem deixando apaixonados por preparação "de época com uma pitada de modernidade" embasbacados.

Abraços!

7 comentários:

  1. Um conjunto deveras harmonioso, sem perder a pitada racing! O mais legal é saber das Binno 17"

    Coisa linda! Parabéns ao Guilherme pela paciencia, dedicação e cuidado na montagem e acerto deste belo VW!

    ResponderExcluir
  2. Fugiu da mesmice das Orbitais e ficou ótimo. A aba dos paralamas dianteiros foi alargada?
    O volante então... fiu fiu!
    Até a salada de peças ficou ótima. Parabéns ao dono e parabéns pela matéria, Rafa!

    ResponderExcluir
  3. Parabéns ao Bogossian pelo carro!
    Muito bem montado, gostei dos toques clássicos.
    Parabéns ao Leonardo pela matéria tbm.

    Abraços

    ResponderExcluir
  4. Rafa, a parte sobre o conjunto rodas/pneus tem um equivoco, as medidas das rodas não batem com as dos pneus.

    "clássicas Binno B760 de medidas 7,0x17”, devidamente calçadas com pneus 195/50-15”

    Abs.

    ResponderExcluir
  5. Simplesmente ótimo. Uma preparação simples, porém eficiente tornam o carro confiável e divertido! Parabéns ao dono!

    ResponderExcluir
  6. Andre Goede e Silva5 de junho de 2012 às 20:36

    Esse é o Cara! Além de um profissional altamente gabaritado tanto nos 4CC como em 6CC, sejam carburados ou injetados, sabe bem o que faz, e o que faz sempre sai bem feito, detalhista e coerente, razão do sucesso esta na paixão pela arrancada e na preparação de motores, é um mecânico preparador de mão cheia, parceiro de todas as horas, piloto de mão cheia, digo pé grande mesmo, devo muito a ele, aprendi muito nessas indas e vindas em arrancadões com o figura. Irmão de coração e pista! Merece tudo de bom, PARABENS pelo sucesso ao GUILHERME BOGOSS! Andre Goede e Silva! Abraço

    ResponderExcluir
  7. como é que fica andar em dia de chuva com um filtro desse bem na grade frontal???

    ResponderExcluir