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::Uma viagem, pé na estrada e muita felicidade::

Confesso não ser o cara mais aprazível do mundo. Muito pelo contrário. Mas é interessante como as pessoas passam a gostar da tua compania quando não se tem medo de dizer a verdade ou de receber um sono NÃO quando me convém. Sou de poucas palavras, poucos e verdadeiros amigos e uma grande paixão por carros e pela família. No último final de semana, um convite de última hora e alguma programação me fez sacar a câmera da bolsa, limpar as lentes e pensar: "Pode ser divertido".

Meu avô paterno (que descanse em paz) não era um homem de muitas posses. Na verdade, meu pai costuma dizer que além de uma enorme família (o véio era ligado nas putarias), sua única herança foi um amor incomensurável pelo tricolor carioca, o Fluminense. Meu pai é daqueles que não se liga muito em carro. Gosta de ter um carro confortável, funcional e com manutenção em dia para evitar dores de cabeça, mas se falar de futebol ele conhece bastante e coleciona minimozidades mais diversas do seu time do coração. Somos pai e filho, mas a antítese do inverso acerca de carros e futebol.



O time jogou em Goiânia/GO no último Domingo, dia 24/06, contra o Atlético Clube Goianiense pelo Campeonato Brasileiro de 2012, no estádio Serra Dourada e como a distância é de cerca de 200 km, era quase certo que meu pai iria ver o jogo no estádio. Ele sabe que não sou fã. Não sei da história do time, não conheço os jogadores, não sei quem é o técnico... só sei que meu pai sabe tudo isso e que os caras tem que marcar gol. Isso deixa meu pai feliz, eu torço com ele e isso me basta.

Combinamos na sexta-feira que iriamos de carro: ele dirigiria na ida e eu traria o carro de volta. O carro em questão é um Toyota Corolla GLI 2008, preto, completo, que meu pai mandou pintar as rodas de preto brilhante após alguma insistência minha, confesso. Dirijo o carro sempre que preciso. Lá em casa não temos frescura se um dirige o carro do outro, apesar de respeitarmos a propriedade alheia e evitarmos esse troca-troca automotivo quando não há necessidade.

No Domingo cedo estavamos saindo de casa quando meu tio chega e diz que vai conosco. Apesar de ser Flamenguista doente, um "angu azedo" na noite anterior motivou-o a participar do passeio tricolor. Já que estavamos indo em três, porquê não chamar um amigo da família pra ajudar na torcida? Ligamos e em 5 minutos ele já estava no portão esperando a carona.



A estrada entre Brasília/DF e Goiânia é um verdadeiro exemplo de rodovia. A BR 060 é completamente duplicada, bem sinalizada, não há remendos no asfalto (eles recapeiam o trecho danificado), buracos são raros, é pública e só é preciso tomar cuidado com radares móveis e fixos que são vários. Saimos de casa às 10:30 hs para um jogo que começaria às 18:30 hs. A idéia era chegar, arranjar um buteco, tomar umas cervejas, comprar os ingressos, tomar mais cervejas, ver o time desembarcar, tomar cerveja e ver o jogo tomando cerveja. Eu não bebi pois traria o carro... e os bêbados.



A ida foi muito tranquila, com pouco trânsito e muita risada. Para quem é de Brasília e vai à Goiânia, um restaurante à beira da estrada chamado Jerivá é parada obrigatória com delícias da cozinha goiâna e um clima muito rústico e agradável. É um ponto de encontro de motos e carros das duas cidades e, por sorte, foi exatamente isso que encontrei por lá: O grupo União V8 estava em um encontro com alguns carros muito interessantes, clássicos e modificados. Chargers, Le Barons, Challenger (dos novos), Dart, Mavericks, Puma GTB e Opalas tomavam parte do estacionamento e fizeram meus olhos brilharem. Engoli uma coxinha de frango e um suco e deixei os caras papeando para clicar aquelas jóias. Conversei com alguns membros do clube e todos foram muito receptivos, falaram das preparações, das restaurações, das histórias... um verdadeiro aprendizado técnico e comportamental.

















Seguimos viagem e logo estavamos em Goiânia. Um calor de rachar pedia uma cerveja gelada e uma Coca-Cola. Almoço é para os fracos! Belisquetes a tarde inteira e logo compramos os ingressos para o jogo para adentramos no estádio. Há essa hora, eu era o único sóbrio e era notória a cara felicidade do meu velho quando vinha falar comigo, não sei se pelo fato de estar prestes a ver seu time do coração jogar, se pelo fato do filho estar lá com ele compartilhando da alegria ou se era só cachaça. O que me importava é que ele estava bem feliz e, conseqüentemente, eu também.













Paramos o carro num local estratégico para facilitar a saída e com segurança, o que foi inutil. Após a vitória de 4x1 do Fluminense, os velhos estavam tão bêbados que pararam em um churrasquinho para esperar o trânsito diminuir. Como tudo era farra, esperamos e saímos de Goiânia às 22:00 hs.

A volta foi muito tranquila também. Alguns carros muito lentos na estrada tornaram a volta um pouco mais cansativa, mas era só pisar mais fundo para que o câmbio de 4 marchas do Corolla acordasse o motor 1.8 16v e a ultrapassagem fosse concluida sem sustos. Como a pista é duplicada, uma piscada de faróis fazia os mais lentos logo mudarem de faixa.

Em Alexânia os bêbados pediram a saidera. Uma parada num boteco às 23:00 hs e três cervejas na conta. Era engraçado olhar aqueles três trêbados e bebendo em comemoração à vitória do time numa felicidade de encher os olhos, afinal, tudo era festa!

O time do coração venceu, os amigos estavam juntos, a viagem foi tranquila e todos aproveitamos aquele Domingo da melhor maneira possível: Rindo, cantando, torcendo, dirigindo, gritando, xingando... foi ótimo.


"Meu pai, meu herói!"


Riqueza é algo legal. Seria bacana ter grana para bancar luxos e tudo mais, mas são nessas pequenas coisas que dou valor. Nunca fui muito de torcer para o Fluminense e nem mesmo para a seleção Brasileira, mas acompanhar jogos com meu pai é sempre um grande prazer. Ver aquele homem sisudo sorrindo igual criança e fazendo festa é sempre uma ótima experiência. Este será o meu legado.

Abraços.

6 comentários:

  1. como eu te entendo, sempre disse que rico nunca vai entender como pobre é feliz e faz festa com tão pouco.
    grande abraço aqui de portugal.
    sempre show teu blog Rafa. ;)

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  2. O melhor da vida, está nas pequenas coisas. E neste domingo vc partilhou de uma delas na mais excelente companhia!

    Feliz por vc e pelo seu velho!


    Abraços!

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  3. cara gostei muito do texto, a vida é simples a gente que complica ela.
    Parabens pelo site.

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  4. Pois é Rafa. A vida nos ensina que em pequenos detalhes estão as grandes verdades e alegrias. Nunca fui muito amigo do meu pai também, sempre tivemos nossas desavenças, mas colocá-lo comigo na cabine do Boeing e ver aqueles olhos cheios de água foi um momento mastercard. NÃO TEVE PREÇO!!!

    Parabéns novamente pelo blog!

    Abraço…

    ®

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  5. Cara muito bom o post, isso me faz lembrar meu pai que também é um cara sizudo e fanatico torcedor do santos kkk

    Nada paga estes momentos cara,
    Nenhum sucesso na vida compensa o fracasso no Lar !

    Abraços...

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  6. Tá aí uma experiência legal. Moro em Brasília, sou gremista e, em junho, fiz a mesma coisa. Uma pena ter feito em um ônibus com mais 50 gremistas loucos, bebendo e cantando. O que foi divertido, também tornou-se um pouco cansativo. Foi muito bom ter ido à Goiânia ver o meu time ganhar. A viagem é tranquila e foi parceria do início ao fim. Minha próxima meta é fazer esse mesmo trecho de carro!

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