Links

::VW Variant'71 - A Creuza::

O bom gosto da originalidade tem seus limites. Não é porque um carro é classico, antigo ou conservado que deve receber a menção honrosa (que atualmente tem servido mais para fugir das fiscalizações, vulgo, ControlAr) para veículos com mais de 30 anos e com extremo nível de originalidade, a placa preta.



Carro foi feito para ser usado, andar livremente e gastar gasolina! Uma das coisas mais bacanas que acho em veículos antigos é a facilidade que eles tem de cativar. D-U-V-I-D-O que algum de vocês já não teve uma vontade súbita de, ao parar do lado de um carro antigo, perguntar algo ou fazer um elogio ao proprietário. "Belo carro!", "Quantos anos tem?", "Parabéns!"... carros antigos geram amigos!

Com a facilidade da internet encontrar peças ficou bem mais fácil (e caro), marcar um chopp gelado com os amigos ou simplesmente encontrarem-se para bater papo numa praça acompanhado de seus carros antigos. O pessoal da Confraria Volks faz isso toda semana! Dentre estes amigos um deles destaca-se com sua VW Variant I'71, apelidada carinhosamente de Creuza.





Rodrigo Buffalo estava restaurando um VW Fusca'62 com a ajuda de seu irmão Elivelton, quando encontraram esta Variant a venda. À primeira vista, tudo bacana: 2º dono, bastante original, alguns acessórios de época... e já com alguma bagagem acerca de VWs aircooled, bastou uma volta no quarteirão para atestar que a Variant estava realmente boa. Precisava de uma coisinha aqui ou outra acolá, mas estava boa. Negociação feita e a Variant foi apresentada aos amigos. "Baixa e só!", "Coloca umas rodinhas e soca no chão!", "Manda uma Placa Preta e monta o Fusca brabo!"... saiam todos os tipos de comentários.

Mas a Variant deveria servir para o uso diário, então baixa demais não tinha jeito. Os planos eram para que ela ficasse o mais original, por mais tempo possível para que todos os recursos pudessem recair sobre a reforma do Fusca'62... mas nenhuma das duas coisas aconteceram. Logo entraram em cena as rodas U.S. Wheels, réplicas dos modelos Porsche 914, de medidas 5,5x15". As rodas polidas contrastaram bem com a pintura original já desgastada pelo tempo e tornaram o conjunto final bastante chamativo.




Para resolver o problema da altura, os irmãos Buffalo comprou um quadro dianteiro completo e entregou-o nas mãos do amigo Douglas, que tratou logo de picotar o mesmo em alguns pedaços e encurtar o conjunto para que os pneus 175/65-15" não raspassem na carroceria.

Novos presentinhos foram chegando ao longo do tempo e esta Variant foi ficando mais charmosa a cada novo acessório. Alavanca Empi "bola", pedaleiras em alumínio Empi, nova cobertura do painel, escape dimensionado... até que os irmãos encontraram aquele que seria a cereja do bolo: Um volante Rob modelo GranTurismo com aro em madeira. Depois de algum esforço na restauração do volante, a Creuza apresenta-se como uma senhora bonita por dentro e por fora.
= D




De acompanhante, a Creuza passou ao posto de amante enquanto o Fusca'62 não fica pronto. Não tem problemas, nesse ménage à trois ninguém fica enciumado já que tanto a Variant quanto o Fusca estão recebendo a devida atenção.

Abraços.

::Gorete, encontros, desencontros, suas rugas e alguns presentes::

Não sei bem o quanto se passou desde a última vez que escrevi sobre a Gorete. A máxima de que "em casa de ferreiro o espeto é de pau", é a mais pura verdade. Dou prioridade a todas as outras coisas, menos a cuidar corretamente daquelas que me pertencem.

.:run4fun:.


Fiquei muito tempo sem escrever sobre a Gorete por aqui e a verdade é que uma "parada estratégica" no projeto para recuperar o fôlego quase vira um desastre familiar.Desde a última postagem deste projeto até agora já se vão quase 10 meses, mas ela não ficou como estava. As mudanças principais foram a instalação do motor e a elétrica parcial dela. Chega de lero-lero e vamos ao que interessa.

Ao sair da funilaria, a Gogo seguiu direto para a oficina HR Centro Automotivo - (61) 3344-3782 para a revisão completa do motor e freios. Como meu mecânico de confiança indicou um bom eletricista alí perto, o mesmo ficou encarregado de montar todo o aparato elétrico para que ela pudesse funcionar corretamente. O motor já havia seguido antecipadamente para adiantar o serviço e após duas semanas...

.:run4fun:.
.:run4fun:.
.:run4fun:.


Como a oficina era longe do meu trabalho e da minha casa, não tenho fotos do processo, mas ficou bem bacana. Após montar todo o interior e suspensão, volta pra elétrica pra finalizar TUDO.

A primeira partida no motor 1.500cc foi de encher os olhos de lágrimas. O acerto ficou muito bom com o novo carburador e a marcha lenta lisa atestaram que a Gorete estava de volta à ativa.Infelizmente, nem tudo são flores. O velocímetro de Alfa Romeo não serviu para adaptar no Fusca. "Até dava pra fazer, mas o esquema de rotação dele é de 1:1, enquanto o do Fusca é 0,5:1 e só em engrenagens e esquemas para adaptação gastaria uns R$ 150,00 (mais que o dobro do valor da peça)" - disse o eletricista. Deixei pra lá e paguei R$ 30,00 pra restaurar o original que estava com o ponteiro quebrado, aro trincado e números imundos. Aproveitei e zerei o hodômetro. O carro tá sendo feito do zero, então não vejo porquê deixá-lo marcando quase 45.000km (sei lá qntas vezes isso já girou...).

Outras pequenas coisinhas foram aparecendo e terei que ir "matando" ao longo do projeto:
# As lanternas traseiras ficaram tortas e só depois descobri que meu pai comprou um par de pára-lamas de Fusquinha (a Gorete é Fuscão).
# O estribo lateral ficou torto e ainda não tive paciência de alinhá-lo (tem um vão de quase um dedo na caixa de ar)
# O pára-lama dianteiro direito ficou adiantado e, consequentemente, a frente parece um pouco torta. Tudo vai demandar MUUUUUUITA calma e paciência para ficar alinhadinho.

Achei que voltaria com ela andando pra casa, mas não consegui comprar os bancos que queria e nem um emprestado eu consegui! Ainda bem! Ela estava sem vidros e a suspensão ficou por último pois ainda tenho a intenção de encurtar o quadro uns 4,5cm de cada lado e instalar umas mangas de eixo deslocadas para não comprometer muito o trabalho da suspensão.

Voltou de guincho:

.:run4fun:.


Funcionei ela na oficina e tudo certo, mas ao descer do guincho, quem disse que a danada queria pegar? O cara do guincho já havia saído, um temporal se armava e o diacho do Fusca nada de pegar. Começou a pingar e logo liguei para o mecânico:
- Oi, o Fusca não quer pegar! Dá sinal de partida, mas não funciona!
- Você abasteceu?
- Hein?
- Gasolina!!! Você colocou gasolina no tanque?
- Err...
- Vacilão!

Com a força de milhares de bárbaros emanadas em meu corpo, empurrei ela garagem a dentro com os 4 pneus murchos.

No dia seguinte, um amigo traz um saco de emergência com um pouco de gasolina e colocamos ela pra funcionar com alguns trancos:



Ainda sem banco (estou sentado em uma cadeira de bar) e com a suspensão completamente torta, dei minha primeira volta (sem ser guinchado) na Gorete!

Como havia dito, o projeto não era meu. Meu pai queria um Fusca, meu pai comprou um Fusca. Não vou dizer que não estou curtindo até este momento, mas Fusca não é e nem nunca foi meu sonho de "Projeto de Carro". O que eu fazia era dar alguns presentes aleatórios para conciliar e delimitar o projeto mais para o meu gosto. Se deixasse na mão do meu pai, era capaz dela estar sem teto, com pára-lamas alargados, vidros rebaixados...

Antigamente ninguém lá em casa dava a mínima para o Fusca, mas foi só chegar com pintura nova que as crianças começaram a curtir e até as patroas (que odiaram a idéia de um carro construido a quatro mãos e duas carteiras) elogiaram.

.:run4fun:.


Dentro deste interim, a história da Gorete na nossa mão tem sido basicamente como um casamento: No início, tudo são flores e amores. Depois, só brigas e desilusões. As discordâncias acerca de alguns detalhes e, basicamente, gosto pessoal culminou em alguns desentendimentos entre eu e meu pai. Tá certo que o que conta é quem paga (neste caso, ele), mas ficou complicado convencer o velho a esperar mais e fazer algo BOM do que correr com o projeto, comprando coisas sem qualidade e sem conhecer um pouco das peculiaridades do veículo. Eu que sou "novo", gosto da originalidade dos antigos. Meu pai que é "velho", quer coisas modernas em um carro antigo... vai entender esse conflito de gerações.

Confesso que desanimei com o projeto e pelo jeito, meu pai também. A pouca gasolina que tinha no tanque acabou e na hora de re-abastecer o cabo de abertura se rompeu. Sem ter como abrir o capô para abastecer o jeito foi desligar o cabo da bateria e deixar o carro parado (novamente) até que consigamos $$$ pra mandar ela para montar o interior e suspensão. Quem aproveitava a Gorete eram minhas filhas, que adoravam brincar em um carro que não tinha outra serventia.

.:run4fun:.


Gastei $$$ com o Siena, comecei a mandar matérias para o Jalopnik, viajei e, se quisesse, o Fusca já estaria andando há tempos... mas eu não fazia a mínima questão. Minha patroa começou a estudar e o Siena acabou ficando com ela quase todo dia. Mesmo eu dependendo de carona pra ir trabalhar, não me animava de investir $$$ num carro que já tinha me deixado tão puto!

A reforma no escritório da família foi outro fator relevante. Com meu pai envolvido no projeto da reforma e eu tendo que servir "de tudo um pouco" dentro do trabalho, pensar em carros era uma das coisas que eu só fazia nas madrugadas sonâmbulas que se tornaram costumeiras e ainda assim era para fazer matérias, sem nem lembrar do Fusca.

Felizmente existem os amigos e eles sempre perguntavam sobre minha família e logo em seguida, do Fusca. Alguns brincavam, outros levavam o papo mais a sério e um deles me deu um presente muito especial que vou usar com toda certeza no Fusca. Logo no início do projeto eu pedi publicamente nas mídias sociais que freqüento alguma mala antiga que ninguém queria mais. O amigo Gustavo Almada respondeu dizendo que tinha uma que fora da sua avó, mas nunca me empenhei efetivamente em ir buscar. Ao visitar um cliente, uma ligação avulsa e em menos de 5 minutos eu estava na casa dele. Ao ver a mala, fiquei embasbacado. Era uma mala rígida, vermelha, impecável... que fora da avó do Guga. Quando ela faleceu, a mãe dele ficou com vários ítens como herança, mas algumas coisas eram descartáveis e se ele não lembra de mim, certamente esta mala estaria num lixo qualquer. Sem palavras para agradecer a lembrança, grande amigo!

.:run4fun:.


Numa daquelas semanas em que tudo parece dar certo, sentamos para conversar em uma mesa de bar e jogar limpo: Eu e meu pai estavamos de saco cheio de muita coisa um do outro e tivemos que colocar muita coisa em pratos limpos. Depois de conversar, abraçar, sorrir e chorar, falamos do Fusca e combinamos de comprar os bancos no final de semana que se seguiria.

Fiz uma busca com o pessoal do RatVolks e ví que muitos dos bancos adaptados eram de Celta, Palio, Corsa e Civic. Como os preços não eram tão diferentes e as adaptações no assoalho ocorreriam em quaisquer que fossem os bancos escolhidos, optamos pelo do Civic por ser mais confortável, ter um desenho bacana e contar com regulagem de altura. Aproveitamos para comprar os forros traseiros e de porta. O véio ficou todo faceiro!

.:run4fun:.
.:run4fun:.


Como os bancos traseiros exigiriam uma adaptação maior e eu não gostei do resultado dos que ví, comprei para o Fusca os bancos traseiros em bom estado em um ferro-velho e dei de presente de Dia dos Pais adiantado.

.:run4fun:.


No dia 29/07 é aniversário foi aniversário da minha filha mais velha e a comemoração aconteceu no dia 30/07 (meu aniversário). Estavamos cantando os parabéns pra pequena e meu pai pediu um minuto de atenção. Não saquei nada, mas comecei a prestar atenção no que o velho tinha pra dizer.

"Alguns aqui vão entender o sentido disso, poucos vão entender o significado e quase nenhum de vocês vão compreender a relevância do ato..."


... e me entregou uma caixa bacana. Ao abrir, as chaves do Fusca estavam lá dentro. Ele abriu um sorriso, me abraçou bem forte e falou ao meu ouvido:

"É teu, meu filho. Fiz pra você até aqui! Faça do jeito que você quiser."


Caralho... Eu tremi inteiro, abracei o velho e chorei.

Quando prestei atenção, tias, avós, mãe, esposa e filhas chorando... foi foda o momento.

Meu pai nunca me deu mais nada depois que comecei a trabalhar. Apenas me alimentava e me vestia, mas nunca com regalias. Trabalho com ele desde os 11 anos de idade (fiz 28) e tudo o que queria eu comprei com meu dinheiro: Primeiro carro, baladas, presentes pra namoradas, banquei casório e comprei casa... tudo com meu suor. Sempre contava com o apoio dele, mas nada vinha de mão beijada. Tudo na base do "trabalha que nada falta", então creio que alguns de vocês consigam entender a intensidade do presente.

O carro tá na mesma: Sem interior, sem suspensão, sem gasolina... mas o que importa é o elo que este carro representa. A carroceria não ficou perfeita, a pintura não é top, o motor é original... mas tudo foi feito a quatro mãos, duas carteiras e aguentando a ira de duas esposas possessas quando deixávamos de fazer uma coisa ou outra em casa para sairmos comprando peças pro carro. Um carro velho que não seria nem utilizado diariamente (coisa que pras nossas mulheres, não faz sentido)... mas agora é MEU! Vou montá-lo ao meu gosto, do jeito que eu quiser, como eu quiser, errando, aprendendo...

Parei de escrever aqui por conta de uma nova fase que impus pra minha vida: Família, trabalho, amigos, carros e todo o resto. Foi nessa ordem que comecei a priorizar as coisas e tem dado certo. Antigamente passava muito do tempo que deveria estar trabalhando em fóruns, papo na internet e esquecia das minhas obrigações. Era hora de tomar uma nova postura, trabalhar de verdade e dar umas merecidas férias para o meu velho.

A Gorete não é um carro, um objeto e nem mesmo vou se babaca de dizer que é "O" projeto da minha vida, mas a representatividade que ela adquiriu desde o início é algo que ainda não consegui descrever em nenhum dos textos que já postei.

Passada a fase "chororô", comecei a desmontar o Siena para poder montar a Gorete com algumas peças que eu poderia aproveitar. Tirei as rodas do Stilo e logo na semana seguinte encontrei um cara disposto a trocar um jogo de 17" por elas. As minhas rodas só serviriam para troca ou ficariam empacotadas no sótão lá de casa esperando meu próximo Fiat Projectz, pois o preço que ofertaram por elas me deixou revoltado. Ví as rodas do carinha e elas estavam em bom estado com pneus legais, precisando apenas de uma pintura nova e uma conferência no balanceamento. As minhas estavam do mesmo jeito, então achei que seria uma boa e concretizamos a troca.

Peguei então um jogo de réplicas de rodas modelo Lamborghini de medidas 7,0x17", ET 38mm e furação 5x100mm. As rodas vieram calçadas em pneus Pirelli 225/45-17" que deverão servir para montar apenas na traseira. Na dianteira vou comprar um par de 205/40-17". Podem não ser as melhores rodas do mundo, ou as mais belas, ou mesmo réplicas de Porsche... mas não precisei desembolsar nenhum centavo por elas, apenas troquei as antigas por estas e neste momento, para fazer o projeto andar, elas ficaram lindas! Melhor que colocar as rodas de Fiat no Fusca, né?! Depois só trocar novamente.

.:run4fun:.


Um amigo de Belo Horizonte desfez-se um Buggy e me deu as rodas que estavam nele. Tratam-se de um jogo de rodas Gaúchas 5,5x14" que buscarei até o final do ano e pagarei umas cervejas para agradecer o presente. Compromisso firmado, Brunão! Essas rodas devem ser calçadas com pneus 195/65-14" na traseira (ah, se eu acho uns Cooper Cobra) e 165/55-14" na dianteira.

.:run4fun:.

A foto acima é apenas para exemplificar. Ficarão lindas com as bordas polidas e miolo grafite escuro.


Essa semana fechei o serviço da tapeçaria com um cara indicado por um cliente meu. A julgar pelo serviço executado na Caravan do cliente, a Gorete vai ficar muito legal. Essa semana ainda deve instalar o forro do teto e na semana que vem o carpete e os bancos, daí vai para a suspensão.

Ainda estou buscando juntar o pessoal do Sintonia VW para montar a suspensão do jeito que quero: Quadro de pivô encurtado em 4,5cm em cada lado, catracas e mangas de eixo deslocadas. Caso não consiga com eles, vai ficar original até o dia em que a galera folgar. Todos muito corridos.

Resumidamente foi isso que aconteceu com a Gorete ao longo destes meses que se passaram. Não atualizei pois estava realmente desmotivado com o projeto, mas agora é hora de respirar novos ares, esticar as pernas, tomar gosto por aquela piranha (novo apelido dela) e cuidar dela, afinal, nem sempre amor de verdade surge à primeira vista.

Abraços!

::[FOTO DO DIA] Mensagem de apoio::

Quando se está correndo atrás daquilo que deseja, uma mensagem de apoio é sempre bem vinda.
= D Um ótimo final de semana a todos! Grande abraço!

::VW Brasília - Escolhas Difíceis::

Algumas escolhas são bem difíceis...
... outras, plenamente aceitáveis.